quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Mais uma das minhas dúvidas existenciais...

Quando temos uma multa das finanças para pagar e, em simultâneo, temos que receber o IRS, porque raio de razão as finanças públicas não descontam do nosso IRS o dinheirito da multa?
Aí fica a dúvida da manhã...
Um abraço felino,
Zorbas

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Tenho umas dúvidas sobre o milho trangénico...

Alguém me explica qual é a diferença entre a plantação de milho trangénico no Algarve, destruída pelo grupo "Whatever" eufémia, e o milho que preenche as caixas de cereais de pequeno almoço que comemos todos os dias? Os ambientalistas do mundo inteiro ainda não descobriram onde é que os malandros da Kellogg's têm plantações de milho, ou então esse é um assunto de pouco consenso. Senão, vejamos: o milho do mundo chega para a quantidade de jovens da geração Kellogg's? Ou é apenas mais uma daquelas invenções que nos leva a "bater" no iluminado americano, que, como não tinha grande actividade sexual, compactou os nutrientes do pequeno almoço em pedacinhos tostados que se juntam ao leite? Será que os não sei quantos tipos que participaram no protesto comeram cereais ao pequeno almoço do tal dia D, ou isto é uma coisa que só os incomoda no terreno de um pequeno agricultor português e os malandros da Kellogg's podem ter plantações trangénicas por esse mundo fora?
Não tenho nada contra os não consumidores de milho trangénico, mas será que comem outras coisas trangénicas ou é uma embirração especial com a espiga que resiste a tudo e a todos?
Ainda sobre isto, os vegetarianos, que aparentemente não comem nada que envolva animais endiabrados (os patos, as galinhas, as vacas, os porcos, os peixes de todos os formatos e feitios e seus derivados, animais ainda mais estranhos, etc.), comem ou não milho e soja trangénica? E os vegetais, fungos (cogumelos de todo o tipo) e frutos plantados em estufas, com coberturas de plástico que baralham a paisagem e que destroem campos por essa Europa fora, estão ou não neste baralho de coisas que não se devem comer?
As teorias do mundo melhor, que naturalmente servem de argumento para poupar os animais, também servem para as imensas plantações de soja que destroem a floresta amazónica, ou são apenas para consolar meninos e meninas suburbanos que gostam de pensar verde? E a agricultura biológica em zonas cujo solo está infestado com metais pesados (que são extensas áreas de cultivo pelo mundo fora) em que categoria é que se encaixa?
São dúvidas razoáveis, com as quais podemos viver, infelizmente uns podem viver melhor com isto que outros, mas como não gosto de criticar sem construir, cá vai:
Pam, Pam, Pam, Pam... (PAUSA CÉNICA PARA O MOMENTO CONSTRUTIVO)
A MINHA SUGESTÃO AMBIENTALISTA:
E se em vez de destruir milho trangénico, a tal associação "Whatever" eufémia resolvesse, em forma de protesto, plantar sobreiros numa das áreas de melhor cortiça do mundo, precisamente no Algarve que tristemente ardeu no verão passado (e era ali tão perto...). Não seria esta uma acção mais ecológica, menos destrutiva, e um protesto igualmente agressivo para os proprietários dos terrenos, que, por força das circunstâncias, andam a tentar transformá-los em condomínios turísticos de luxo?
Bom, pelo menos aconteceu algo inédito com tudo isto, mais de metade do país ficou a saber que existe a palavra trangénico no dicionário português. Para a próxima deviam tentar algo com alimentos com substâncias"Geneticamente Modificadas", isto poderia tornar o diálogo mais abrangente...
Um abraço felino

Zorbas
(o gato que come comida enlatada que não sabe de onde vem...)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

EPC

Nas palavras de Eduardo Prado Coelho, a nossa homenagem à sua escrita...

Jornal Público
No fio do Horizonte
Terça-feira, 28 de Março de 2006
Chás

Aminha mãe ou a minha avó diziam-me: "Amanhã vamos à Baixa." A Baixa era para mim uma festa: muitas lojas e as compras na Rua do Ouro, na Rua Augusta ou na Rua da Prata. Toda esta procura passava por um lugar onde só vendiam botões e que me deixava verdadeiramente encantado.Mas o momento verdadeiramente alto era o abandono das compras e a decisão de ir tomar chá. Entrávamos então na Ferrari ou na Bénard e pedíamos um chá e muitas vezes uma torrada, ou então bolos. Os bolos vinham num prato para nós podermos escolher - prática que foi eliminada dada a sua natureza manifestamente pouco higiénica. E havia o chá: só havia um e tinha de ser esse a ser pedido. A lista dos chá não existia. Sempre que surgia uma indisposição, ou o cansaço nos invadia, recorríamos ao chá de tília ou ao de camomila. E com isto preenchíamos a lista dos chás. Era simples e eficiente. "Dê-me um chá" e eles, os empregados de mesa, traziam.Hoje temos, por exemplo, as infusões. Caracterizam-se por serem sujeitas na sua produção a um processo mais longo e não terem o seu ponto de partida na Camélia Sinnensis. Noutro dia, lia na Notícias Magazine quais as infusões recomendáveis, numa lista aliciante de plantas ant-edema: "Em infusão (dez minutos num litro de água, em média), sugerem-nos a orelha de rato, o pé de cereja, o hibisco, a rosa silvestre, o tomilho, o rosmaninho e a groselha." É óbvio que aquela da orelha de rato me impressionou profundamente.Hoje ir a uma pastelaria e pedir um chá tornou-se uma operação complexa. Ela passa por aquilo que Fernando Savater, num livro brilhante, analisou exaustivamente: "A coragem de escolher." Adeus a um simples chá preto de Ceilão. Agora somos confrontados com nomes exóticos que mostram a realidade efectiva da mundialização.Temos, em primeiro lugar, o chá verde. Mas não basta ser chá verde. Há aquele que é aromatizado com pétalas de hibisco ou de rosa.Temos depois o Roibos Safari, que pode ser aromatizado com coco, pedaços de chocolate ou de caramelo. O Earl Green, esse é um chá verde aromatizado com óleo de bergamota.O Sakura Imperial é aromatizado com cereja. Não uma honesta cereja, mas uma determinada, a japonesa. Há ainda o Pu-Erh, que tem a característica de ser um chá vermelho. E, no domínio deste arco-íris, temos ainda o chá branco, que dá pelo nome de Pai Mu Tan. Outros preferem o Vanille Sencha.Estamos em pleno desassossego: a minha avó, se fosse viva, optaria pela leitaria de bairro. A ida à Baixa foi substituída pelos centros comerciais. E a serenidade tépida de outros tempos desapareceu. Há lojas de chá em cada esquina (exagero, claro). E a nossa infância envelheceu com as cores dos chás que nos assediam.

Professor universitário

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Os amigos da montanha

Aqui fica uma imagem para os amigos que foram reconciliar-se com as montanhas!
Com carinho,
Um abraço felino!
Zorbas

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Quando estamos no umbigo do mundo...

Estava a pensar em mil e uma coisas. Estava em frente a uma máquina de selar e a pensar como seria se vivessemos no umbigo do mundo. Hoje, aquilo que me parecem problemas, parecer-me-iam vestígios de alguma coisa. O umbigo do mundo é assim, ajuda-nos a relativizar, a baralhar e dar de novo um jogo não viciado...

Um abraço felino a todos os que vivem comigo a saga deste infeliz ano...

Zorbas

PS: espero que o nosso rebento nasça no ano que vem, assim poderemos enterrar este!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Amanhã será um dia diferente porque é o aniversário do Capitão

O nosso amigo capitão, o "velhote" dos amigos mais próximos, fará anos amanhã.
Para ele aqui fica um relato do que têm sido estes anos de ombro amigo:
- Discutimos muito seriamente sobre assuntos teatrais (por vezes tão seriamente que berramos um com o outro, é preciso dizer que com a idade isto vai passando e agora já só discutimos de forma acesa);
- A sua capacidade de liderança é indiscutível, apesar de se sentir cansado com as forças alheias que o empurram, mas a sua forma de agir manteve-nos unidos à volta de um projecto teatral todos estes anos, e isso é admirável;
- Partilhamos uma estima muito grande pelos mesmos amigos, que nos reúne, para bem e para mal naquelas circunstâncias de amigo, para isso conto sempre com o seu ombro e tenho sempre em conta a sua opinião sobre os assuntos de amigos;
- As nossas relações amorosas, eu com o actor e ele com a bióloga, são muito "velhinhas", talvez as mais antigas do nosso grupo de amigos, isso faz com que tenhamos acompanhado as sucessivas voltas e reviravoltas dos assuntos amorosos desde que somos adolescentes, por isso, quando tenho a cabeça dormente com assuntos amorosos, lembro-me da sua atitude positiva perante a vida e o amor;
- Tenho-o como irmão mas velho, apesar de ter um que mais parece meu pai..., e quando lhe acontece alguma coisa grave fico com a mesma preocupação que tenho com a minha família, é por isso que tenciono chateá-lo com os assuntos de saúde tanto quanto posso...
- Não se pode sair com ele, porque invariavelmente acaba em conversas intermináveis com montanhas de gente que conhece, na verdade, tem a capacidade de comunicar com gente dos oito aos oitenta e oito, mesmo quando se expressam numa língua que não domina;
- Os pais dos nossos amigos, e também os meus, têm muita estima por ele, e a preocupação dele com os nossos pais é absolutamente genuína e generosa;
- Não cabem nestas linhas os sentimentos de admiração, amizade e carinho que sinto por este amigo "velhote".
Para o ano cá estaremos para o próximo aniversário, hoje resta-me dizer que passou mais um ano de intensa actividade teatral e de muita vontade de viver. Amanhã há festa da rija!
Um abraço felino,
L.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Há dias assim...

Há Dias

Há dias em que julgamos
que todo o lixo do mundo
nos cai em cima
depois ao chegarmos à varanda avistamos
as crianças correndo no molhe
enquanto cantam
não lhes sei o nome
uma ou outra parece-me comigo
quero eu dizer :
com o que fui
quando cheguei a ser luminosa
presença da graça
ou da alegria
um sorriso abre-se então
num verão antigo
e dura dura ainda.


Eugénio de Andrade
de Os lugares de Lume

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Pobre cinema europeu...

Em doze horas morreram dois cineastas renovadores do cinema europeu, e isto não é irónico, o Ingmar Bergman, com 89 anos, e o Michelangelo Antonioni com 94, fizeram muito pelo cinema da Europa e mesmo assim, muito teriam por fazer.
O último filme de Ingmar Bergman, "Saraband", como os seus antecessores, continua a ser uma obra-prima do cinema, e mesmo os realizadores arrojados do século XXI ainda não chegaram à supremacia dos dois realizadores.
O cinema de hoje é dado, a imagem deixou de ter magia e os assuntos são os do mundo de hoje, iguais a ontem e possivelmente os mesmos de amanhã, contudo, a referência destes dois cineastas faz com que se acredite que esta bela forma de arte pode ir muito além, e que as fabulosas estratégias americanas para contar histórias têm falta de substância. É isso o Cinema de Bergman e de Antonioni, substância, imagens com interesse e uma história contada em pequenos detalhes desde o primeiro ao último segundo do filme, com estéticas muito diferentes, e com objectivos muito distintos, não viessem de tradições distintas no velho continente europeu, mesmo assim, pedradas no charco no que toca à produção cinematográfica não só da época em que viveram, mas num futuro próximo também.
Aos interessados, convido a ver qualquer um dos filmes de ambos os realizadores, continua a fazer muito sentido.