segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Não posso deixar de partilhar isto..., simpaticamente enviado pelo André esta manhã!

Car@s amig@s

A inauguração da exposição "fio da Memória" foi um dos momentos mais intensos que vivi nos últimos tempos.
deixo aqui um texto que escrevi, inspirado nesta maravilhosa e solarenga tarde de inverno.
se seguirem o link abaixo, também vão encontrar algumas fots

www.flickr.com/photos/metrografismos

A quem não pode estar hoje, recomendo a deslocação.

Melhores cumprimentos
André

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OS OPERÁRIOS

Os operários vestiram os seus fatos domingueiros e levaram os netos e as memórias a passear.
- Não és tu quem estás ali?
- Maria, aquele é o teu pai!
- Olha, vês aqui? É o avô Malheiro.
Rapazes e raparigas de outros tempos foram o centro das atenções. A fábrica encheu-se e eram as suas vidas que contavam para quem, entre eles, circulava.
- Aqui era a sala de enchimento.
- Está tudo tão diferente… o espaço ficou muito bonito depois de ser limpo.
Histórias antigas, dos que sobreviveram à explosão e de quem já não a pode recordar.
- Este é o Sr. João, este é o Manel, o ti Zé, o Afonso da Mira… já cá não está nenhum.
Trabalhadores especializados ou serventes, toda a família inteira viveu da fábrica. Era perigoso, mas garantia a segurança de um salário fixo.
- Vocês são raparigas novas, não sabem como a vida foi dura para nós. Ganhava 18 escudos, uma miséria.
Vinham para o vale a pé e de bicicleta. Moravam em Queluz de baixo, Barcarena, S. Marcos, da Agualva, Rio de Mouro e em tantos outros sítios.
No sol de Inverno, os dedos retorcidos acariciaram-se nas fotografias.
Riram orgulhosos de se verem na televisão. Os operários estavam contentes.


Sintra, 21 de Dezembro de 2008

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