segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Aborto I

Ainda não deixei a minha mensagem sobre este assunto, mas ainda vou a tempo (porque eu acredito que as pessoas podem fazer a diferença).
Estou mesmo zangada com os portugueses todos que não votaram, nos quais incluo os meus parentes mais próximos, que, por nenhuma razão em específico, optaram por não se dar ao trabalho.
Sempre que há discussões sobre políticas de esquerda ou direita, eu pergunto se as opiniões de cada um são mais do que isso, se realmente significam algo que é expresso nas urnas pelo direito ao voto. Infelizmente não correspondem a uma atitude consciente de quem se exprime quando é chamado a exercer o seu poder. Acontece que, não sendo uma eleição política, a responsabilidade é ainda maior. Este é um assunto de organização social, de direitos fundamentais, de vida em sociedade (qualquer que seja a opinião sobre o referendo) e deve ser entendido por todos como uma responsabilidade comum. As leis não se fazem porque os políticos querem (só algumas), num Estado Democrático fazem-se para que a vida em sociedade seja regrada e entendida por todos como um bem comum a ser mantido. Por isso, meus amigos, a nossa opinião pode realmente fazer a diferença.
Cada pessoa que não votou quererá com isso dizer que prefere viver num país do terceiro mundo, onde a cidadania é uma miragem e onde quem tem dinheiro manda. Se alguma vez estiveram num país do terceiro mundo vão saber e perceber a diferença entre o direito, o dever e a consciência do voto cívico e a impossibilidade de o exercer. Portanto, da próxima vez que estiverem a argumentar comigo que este país é um blá blá blá de coisas más, pensem que não fizeram nada para alterar isso, e que a culpa também é vossa.
Eu sou muito mais optimista do que pareço e acredito que o meu avô não foi mandado de castigo para o quinto dos infernos (porque tinha uma opinião política sólida) por um mero acaso do destino, foi porque, como me ensinou e bem, quem tem o direito de opinar tem muito mais liberdade do que quem manda de facto.
Um abraço felino,
Zorbas

3 comentários:

Rita disse...

apoiado :-)

Anónimo disse...

Fico à espera do aborto parte II. Inquieta-me o resultado deste referendo (o da abstenção e o outro). Votei SIM pelo simples facto de achar que o que estava era digno de uma soberba medieval.

Inquieta-me ver todos aqueles loucos que na noite do referendo, exultantes da vitória, pareciam possuir agora a solução para todas as mulheres que abortam. Inquieta-me ver que a discussão foi muitas vezes tratada com o habitual maniqueísmo de quem na verdade travou apenas mais uma batalha política.

A vida começa, para mim, na concepção. Nisto sou mais radical do que a igreja, que nega uma cerimónia fúnebre a um feto com 10 semanas. A vida começa com um acto de gigantismo entre um homem e uma mulher. A natureza é simples. A vida é uma coisa demasiado magnífica para que se possa interromper por quaiquer motivos que não a si proporcionais. Inquieta-me que o meu voto possa permitir que uma mulher possa agora usar o aborto como método contraceptivo, inquieta-me que uma mulher possa agora abortar contra a vontade do pai da criança.

Pasmo-me mas não me inquieto que muitos dos mesmos que são contra a liberalização do aborto sejam os mesmos que são contra a educação sexual nas escolas, que sejam contra o uso da pílula e dos preservativos.

Finalmente pasmo-me mas não me inquieto que muitos dos que defederam o NÃO, capitalistas selvagens na sua análise das relações humanas da sociedade em que vivemos, venham agora dizer que as entidades privadas não são a melhor escolha para fazer o aconselhamento das mulheres que pretendam abortar pois, segundo estes, estas apenas pensam em ... lucros.

Sabes, gostaria por uma vez na vida não ter de jogar este jogo medíocre em que se tornaram as nossas escolhas, gostaria de ter conseguido dizer por uma vez basta a todos estes verbalistas (aos de um lado e doutro) e ter ficado em casa, ou ir passear com a minha filha e com a minha mulher e pensar que continuo a ter alguns direitos sobre o que ela transporta na sua barriga.

Anónimo disse...

Não podia concordar mais convosco!
Irritou-me solenemente este referendo por sentir, que os partidos politicos usaram-no para mais uma vez, fazerem campanha...bastava ver os outdoors, até tinham as mesmas faixas, como se fossem uma campanha!Aliás eu estive em Lisboa nessa noite e havia bandeirinhas por todo o lado...Veio-me logo à cabeça, os pastores da Igreja do Reino de Deus com a frase "É a salvação"...
Enfim, embora tenha votado sim, acho que este assunto é demasiado sério e frágil para este alarido todo!
Beijinhos,
Sonight