quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Aborto II

Depois de alguns dias passados resta-me voltar a esta banca com a continuação do tema do momento.
Conheço várias mulheres que em circunstâncias anormais tiveram que abortar e não conseguem ainda ultrapassar essa situação, também porque na altura em que o fizeram foram completamente condenadas por tal acto pela família e pela sociedade.
Votei SIM, não porque considere que temos o direito de roubar a vida a uma criança que ainda não nasceu, nem porque os feminismos ditam que na barriga da mulher manda a mulher, nem porque ache que o aborto é a solução para o futuro planeamento familiar neste país. MAS acho que uma qualquer morte ou agressão física de uma mulher, que abortou no vão de escada de um sítio qualquer, é muito grave e é suficiente para a lei prever que em nenhuma circunstância se terá que passar por isto. O facto de uma mulher ter que abortar é penoso o suficiente, um aconselhamento psicológico teria permitido que muitas mulheres conseguissem ultrapassar uma dor que não escolheram sofrer, mas as circunstâncias assim o ditaram.
O referendo sobre o aborto é mais que um direito a uma vida digna, é um direito assistido a um casal que reconhece as suas limitações e que não quer proporcionar a uma criança um futuro miserável. Realmente é discutível a forma como cada pessoa concebe o que é uma vida, eu diria que é uma questão filosófica para cada pessoa reflectir individualmente, com efeitos muito pragmáticos sobre o dia a dia. Para mim está no mesmo plano que o de reconhecer que nenhuma religião ou seita, partido ou regime político, etc, etc, etc, pode atentar contra a vida de uma pessoa nos seus direitos mais básicos ou elementares.
Como referem os direitos fundamentais universalmente reconhecidos, mas não cumpridos integralmente, a vida é preciosa, mas para que isso realmente aconteça é preciso dignidade e batalhar para que seja um tesouro mantido por todos e para todos neste mundo.
Esta questão não é partidária, nem sequer é política, é cívica, e não escondo o meu agrado pela iniciativa de se alterar a lei, o problema deste próximo passo é mesmo a vantagem que alguns políticos tiram disto.
No que depender de mim, continuarei a ter uma atitude crítica com os políticos de todas as alas deste país e a achar que os discursos me convencem muito pouco, já as acções, como a minha avó diz e bem, ficam para quem as pratica. Esperamos para ver no quem as vai praticar civicamente.

6 comentários:

Anónimo disse...

exactamente porque se desejava que as meninas tivessem direito a uma vida digna...,as familias arabes pré islâmicas enterravam as filhas na areia, sepultando-as vivas.
Mata-se para evitar que o outro seja um desgraçado.
Quanto ao facto de serem os catolicos aqueles que sao anti aborto esclareço que não sou católico.
A grande maioria dos muçulmanos também é contra o aborto.
Não se pode ser pela inviolabilidade da vida humana e favor da destruição daquilo que é vida humana.
O aborto é um retrocesso de 1700 anos.
O aborto é a vitoria do poder contra o ser.
Quem nasceu e foi criado impede que os outros tenham os mesmos direitos e nasçam também.
Uma pergunta que já hoje faz sentido e amanhã fará bem mais : Mãezinha.Quantos irmãos eu tinha?

Anónimo disse...

Quem defende o aborto não o vê no seu caso concreto.
E se a abortada tiver sido uma irmã tua?Agrada-te a ideia?
E se tivesses tido irmã que nunca viu a vida?

Segundo comissão planeamento familiar 14% das mulheres abortaram o que significa que cerca de 14% dos portugueses têm irmãos que nunca conheceram.

Zorbas disse...

E, em alguns casos, ainda bem...
Se o Hitler ou o Estaline tivessem sido o um aborto concretizado o mundo seria um pouco melhor.
Não partilho essas ideias e acho que a religião não está em causa. O que está em causa é a morte e as condições de saúde de algumas mulheres após abortarem em situações de miséria absoluta, e isso, nem que o Papa ou outro qualquer nos façam pensar o contrário, é medieval e um acto com o qual não podemos concordar.

Anónimo disse...

Vivemos numa Democracia e temos de aceitar variadissímas opiniões,mas vamos lá esclarecer uma coisa:
a Lei actual "punia" a mulher por fazer um aborto, entre aspas porque, segundo com as estatísticas, e de acordo com os últimos debates, nenhuma mulher até ao dia de hoje foi presa, certo?"Levava nas orelhas"...ridiculo, para isso é que se tem de criar situações, como aconselhamento antes do acto, não faz sentido depois do acto...tipo sermão, o que é isto?
Então alguém me explique que sentido fazia a dita Lei...afinal era só a fingir!!!Chamam a isto o quê?
E depois só a mulher é que seria punida, pois ela é que transportava o feto na barriga...e o pai que embora tenha concordado não tem condenação nenhuma!!!
E para os defensores do não, é crime abortar, mas já em caso de violação já não é!!!Então amigos do NÃO,em que é que ficamos é crime ou não é?Parece como quando alguém é apanhado a dizer alguma mentira e começa a gaguejar...
Sinceramente acho que isto tudo era uma pura hipocrisia!Quantas pessoas, as mais velhas que fizeram os chamados "desmanches", nunca assumiram o que fizeram...Enfim!
Eu sou a favor da despenalização da lei do aborto, pois a lei que existia não fazia sentido nenhum.
Esta é uma decisão demasiada séria e pessoal, e está na consciência de cada um pratica-lo ou não.

Tenho dito...
Sonight

Anónimo disse...

Ainda assim, insisto em dizer:
"Há várias razões, e cada um opta pela que quer.
Quem tem ideias contrárias não é um mentecapto.
É, simplesmente, alguém com ideias diferentes.", passando o plágio (de um bloguista bem divertido).

Achei pertinente acrescentar isto ao meu comentário anterior.

Sonight

Yakunna disse...

eu mesmo - Pois é.. existe muita confusão por aí.. acha mesmo que se o resultado do Referendo tivesse sido NÃO o aborto teria acabado??? Segundo as estatisticas, não foi o que aconteceu no penúltimo Refererendo.

Eu sou contra o Aborto, eu nunca faria um aborto, talvez nem mesmo em caso de violação, mas também sou a favor da Liberdade de cada um.

É certo que "a minha liberdade acaba quando começa a do próximo".. mas que liberdade seria essa? Será mais justo então levar uma gravidez até ao fim para dar a criança para adopção (sabendo nós o quão fácil é adoptar uma criança em Portugal e as condições fantásticas que têm as instituições para orfãos!!) ou então criar esse Ser, sem condições, sem amor, sem intenção de o ter tido... que Homem se tornará este?...

Para além disto, deixe-me que lhe diga, que um dos grandes podres do Mundo é a religião... E para mim a pior é a Católica, que condena o aborto, por ser crime, por ser contra Deus, o mesmo Deus que em seu nome mataram não sei quantos milhares de pessoas durante séculos por razões disparatadas... mas a memória é curta!.. e sobre isto poderia ficar aqui a escrever uma tese... mas não temos tempo!!

um grande bem haja!!