domingo, 21 de maio de 2006

O supermercado é uma escola da vida!...

Uma hora de compras num supermercado pode revelar-se num óptimo estímulo para pensar nas coisas consideradas indispensáveis para a nossa existência. A primeira vez que reparei objectivamente no valor do Imposto de Valor Acrescentado (vulgarmente conhecido como IVA) foi no dia que resolvi oferecer fraldas a uns amigos que aderiram à aventura da paternidade, e que no caso deles foi de facto uma aventura já que de uma só vez foram pais a dobrar...
Nesse dia, quando me dirigi à secção infantil e me deparei com o valor do IVA associado a todos os produtos ali expostos fiquei surpreendida com a variedade de coisas consideradas dispensáveis (segundo os parâmetros do IVA) para a pequenada. As fraldas descartáveis são dispensáveis, este país precisa de um estímulo ecológico para lavar fraldas de criança no já esquecido tanque da roupa. Como seria de esperar, a gama de produtos de higiene infantil também é completamente dispensável, já que mantém os mesmos 21% que as fraldas. A roupa, seja de que tipo for, também entra neste lote, já que a pequenada pode perfeitamente andar como veio ao mundo e sem tomar grandes banhos para não pagar imposto (de qualquer forma todos tivemos um estágio de uns meses na barriga da mamã, que nos serviu de banho para o resto da vida, esperemos!) os brinquedos são igualmente dispensáveis! Portanto, crianças, a vossa existência, segundo estes parâmetros, resume-se a beber leitinho e água, de preferência da torneira que é "mais em conta" e podem também ler um livrinho, de vez em quando.
Continuei depois pelo supermercado fora constatei que devemos todos estar muito enganados quanto a prioridades! Imagine-se que os produtos de limpeza todos têm 21% de IVA, seja para a casa, para pessoas ou animais. Portanto, ao abrigo deste imposto, devemos fugir de qualquer tipo de limpeza, esta é completamente dispensável e fútil na nossa existência (se eu soubesse disto quando me obrigavam a arrumar e a limpar o quarto!), andemos sujinhos e quanto à casa chega varrer (as vassouras têm evidentemente 21% de IVA, mas vamos lá, são uma excentricidade e podemos comprar apenas uma para o resto da vida), tudo o resto é apenas mariquice moderna. A higiene íntima é também um pouquinho problemática! Vejamos: o sabão, mesmo o reles azul e branco, é dispensável, assim como o sabonete para o banho, o champô, a pasta de dentes, os produtos para a barba, os pensos higiénicos, e todos os suplementos ritualísticos diários de cada um. Mas a cereja no topo deste bolo é mesmo o papel higiénico, completamente inútil, ao que parece, segundo as normas do IVA, com a sua percentagem de 21% de imposto, mesmo aquele reles de uma única folha que arranha o rabo (cuidadinho com o que comem, qualquer diarreia pode significar um tombo no orçamento doméstico).
Cheguei depois à secção alimentar e descobri a percentagem de 12%! Meus amigos é melhor beber vinho do que tomar banho! Agora percebo o conceito de SPA vinícula! Também é melhor comer pão com a percentagem de 5% de IVA, do que cereais de pequeno almoço com 21% (não sei onde os nutricionistas estão com a cabeça) e leitinho também pode ser, mas sem nada porque tudo o que se junta ao leite é dispensável. Pode sempre beber-se leite lendo um livrinho de como perder peso de forma inteligente, mas estimular o ouvido com cds, mesmo que sejam de auto-ajuda com pan pipes ou baleias, para se conseguir enfentrar um doméstico drama orçamental, impossível e proibitivo! Leite, vinho e pão tudo bem, mas nunca cereais de pequeno almoço! Afinal sempre há um fundo de razão no consumo de sopas de cavalo cansado (com pão e vinho)!
Mas, ainda melhor que beber vinho é: pan pan pan pan... pausa cénica, COCA COLA! Nem mais, é indispensável na nossa alimentação diária, assim como o arroz, as batatas, as cenouras, a couve, os brócolos, a fruta, o atúm de conserva, as massas de qualquer tipo, algumas bebidas mais ousadas, e pasme-se, é melhor que iogurtes, queijo, ou mesmo manteiga!
Portanto, como conclusão desta ida ao supermercado eu resolvi consumir apenas produtos com percentagem de IVA aceitável, e como calculam, não me posso lavar, não posso ir à casa de banho, esse tipo de necessidade fisiológica é absolutamente inútil (faz-nos perder tempo e dinheiro), passei a beber leite sem nada, vinho e coca cola, e como é evidente, aboli as prendas infantis!
Agora a sério, quem são as pessoas iluminadas que decidem sobre estes assuntos? Estou absolutamente intrigada com a sobrevivência de alguns produtos alimentares! A ideia de multinacional imperialista como explicação para a percentagem incrivel de imposto na coca cola acho que não é suficiente, a Kellogs também anda por aí e vende que se farta! É claro que não tem anúncios charmosos e o apoio dos tipos dos restaurantes, dos mais finos aos tascómetros, a promover a importância dos cereais de pequeno almoço a acompanhar uma bela refeição, como fazem para nos impingir bebidas e sobremesas. Digamos que falta à Kellogs aquela máxima que começou com o champô do dois em um, não apenas cereais, mas outra coisa qualquer, como o refrigerante medicamento e em simultâneo desentupidor de canos... Bom, têm sempre o milho transgénico e aparentemente saudável, devidamente regulamentado pela nossa União Europeia, mas pelos vistos não chega!
Também não percebo como é que as marcas do papel higiénico ainda não se lembraram de mandar mensagens subliminares aos políticos nos rolos de folha dupla, podiam incluir na promoção das marcas um item exclusivamente político, apenas vendido em ministérios e secretarias de estado, de preferência ligadas à gestão dos impostos e à economia em geral, a reivindicar o estatuto da coca cola!
Mas quem é que decidiu que era mais importante o consumo de refrigerantes que o de papel higiénico? Já agora, quem é que achou que não precisamos de tomar banho, mas podemos cultivar o gosto pela leitura com livros e jornais? Acho que a leitura é importante e desenvolve o cérebro, mas não pensaram também nos riscos de entupimento dos esgotos que se correm ao estimular este exercício. O povo lê, mas pouco, e aquilo que melhor se adapta ao nosso panorama nacional actual é a leitura de contas de supermercado, não se lêm muitos livros como é sabido. Por isso, cada vez que alguém olha para uma conta (em papel que não é biodegradável) e pensa que se esqueceu de papel higiénico (com os seus 21% de IVA), então destina ao nobre talão um fim útil, para não ter que pagar mais nada!

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Oitocentos-euristas...

Simpaticamente o Pedro enviou-me este texto sobre um retrato espanhol desta geração errante ou talvez não, e aqui estou a partilhá-lo convosco! Já agora, a acrescentar a este extenso comentário gostaria de saber quantos dos meus amigos assinaram contratos de trabalho em toda a sua experiência laboral! O meu pai, com esta nossa idade, teria já assinado uns 10 contratos e contava já com 15 anos de trabalho remunerado.
Forte abraço aos oitocentos-euristas portugueses.


Artigo do "El País" de 23 de Outubro de 2005. Em Portugal o mesmo artigo poderia chamar-se "A geração dos oitocentos euros".

La generación de los mil euros
Pertenecen a la generación más preparada de la historia de España. Rondan la treintena, son universitarios y saben idiomas. Pero los bajos sueldos, la sobreabundancia de titulados y los cambios sociales les han impedido llegar a donde pensaban llegar. Comparten piso; no tienen coche, ni casa, ni hijos y ya se han dado cuenta de que el futuro no estaba donde creían
ANTONIO JIMÉNEZ BARCA
A mediados de agosto llegó una carta a este periódico que anunciaba la aparición de una nueva clase social. Se titulaba Soy mileurista y decía, entre otras cosas, lo siguiente: "El mileurista es aquel joven licenciado, con idiomas, posgrados, másters y cursillos (...) que no gana más de 1.000 euros. Gasta más de un tercio de su sueldo en alquiler, porque le gusta la ciudad. No ahorra, no tiene casa, no tiene coche, no tiene hijos, vive al día... A veces es divertido, pero ya cansa (...)". La autora, Carolina Alguacil, de 27 años, reside en el centro de Barcelona y trabaja en una agencia de publicidad. Inventó el término -y decidió escribir la carta- después de pasar unos días en Alemania y comparar, con un sentimiento a medio camino entre la rabia y la envidia, cómo vivían sus amigos berlineses y cómo vivían ella y sus amigos españoles.
Carolina comparte su casa con otras tres chicas de 25, 29 y 29 años. Ninguna gana lo suficiente como para alquilarse un apartamento. Pagan 360 por cabeza y conforman una extraña familia unida cuyos miembros hace un año no se conocían de nada. "Toda la gente con la que voy es así", añade Carolina, "tengo una amiga que trabaja en una editorial de Madrid por 1.000 euros; mi hermano es ingeniero en Andalucía y lo mismo, mi cuñada es licenciada en Medio Ambiente y también. Todos estamos igual, y no es que vivamos mal, porque para algunos somos unos privilegiados, pero no es lo que esperábamos".
Un reciente informe de la Unión Europea, el Eurydice, le da la razón: sólo el 40% de los universitarios tiene en España un trabajo acorde con su nivel de estudios, y la tasa de paro entre los titulados de 25 y 34 años es del 11,5%, una de las más altas de Europa, que se sitúa en un 6,5%.
A pesar de esto, y de lo que piensa Carolina, no es un fenómeno exclusivo de España. El sociólogo francés y profesor de ciencias políticas Louis Chauvel aseguraba en el Nouvel Observateur que los pobres del siglo XIX y principios del XX (los obreros sin cualificación, los agricultores o los ancianos) pertenecen a una sociedad que desaparece. "Y los nuevos pobres de hoy en día son los jóvenes", añadía.
Los nacidos entre 1965 y 1980, esto es, los españoles que, en un extremo de la horquilla, van dejando atrás la juventud, como Carolina y sus compañeras, y en el otro comienzan a apropiarse del poder, disfrutaron de una niñez dorada, de unos padres abnegados y responsables y de un país moderno y optimista que navegaba viento del desarrollismo en popa. Sortearon dos crisis económicas (la del 74 y la del 92), pero nadie dudó por entonces de que esa generación, la más preparada de la historia de España, la más numerosa, la del baby boom, no fuera a vivir mejor que la precedente, que todas las precedentes.
Lógicas expectativas
Y no ha sido así, y en eso radica buena parte del problema, según apunta el sociólogo Enrique Gil Calvo. "Con estos jóvenes se crearon unas lógicas expectativas. La generación anterior, la mía y la de mis hermanos menores (yo nací en el 46), creció con las vacas gordas, pudo cumplir el sueño de matar al padre, esto es, de superarlo en todo: mejor casa que los padres, mejores trabajos... Pero para estos mileuristas, que han tenido, paradójicamente, mejores oportunidades en forma de estudio, el futuro no estaba donde debía de estar", explica.
Carolina dispone de dos horas para comer. Hoy acude a un restaurante de a siete euros el menú que no puede permitirse siempre.Pide un guiso indio con garbanzos y cuenta: "Yo quería trabajar en el cine, como productora o algo así, pero pronto me di cuenta de que no podría. Bueno. Eso pasa. Y no me desanimó. Lo peor es que no sé lo que va a pasar conmigo. Una familia como la de mis padres ya no es el objetivo, pero ¿cuál es el objetivo?".
Ella no experimenta ninguna sensación de fracaso. Pero habla de un desánimo grande al definir la actitud de muchos de sus amigos o conocidos. Porque conforme va cumpliendo años, el mileurista se va cargando de amargura.
Belén Bañeres tiene 37 años, vive en Madrid y la sensación "de ir llegando tarde a todo". Estudió psicología y no hizo oposiciones al PIR (el MIR de los psicólogos) en un primer momento. Cuando quiso hacerlo, no hubo plaza. Lleva saltando de trabajo en trabajo más de 14 años. Jamás ha desempeñado un puesto acorde con los estudios que llevó a cabo. Jamás ha cobrado más de 1.000 euros brutos al mes. Sólo desde hace un año goza de un contrato indefinido como auxiliar administrativo. Desde entonces vive con su pareja (otro treintañero universitario con un sueldo de 1.000 euros) en un piso de alquiler. Ve casi imposible tener una casa propia. Ve muy difícil tener hijos. "Con la de horas que trabajamos los dos no podría cuidar ni de un perro", dice. Y después de haber resumido así su biografía, concluye: "Y también tengo la sensación de que me han robado la vida".
Un amigo de Belén que prefiere no dar su nombre, con un exclusivo máster a cuestas de informática aplicada a ciencias biológicas, trabajó durante casi un año de teleoperador en el 11888. "Y no era el único universitario: eso estaba lleno de gente preparadísima con carreras, idiomas y cursos de esto y de lo otro que, en un momento dado y si hacía falta, contestaba en alemán al que llamaba", cuenta.
Luis Garrido, catedrático de Sociología de la UNED, considera que una de las claves de este desánimo está en la sobreabundancia de universitarios. "Cuando yo, que nací en 1956, estudiaba, sólo el 10% de los jóvenes, la inmensa mayoría chicos, conseguía una licenciatura universitaria. Está claro que ese 10% copó los puestos de élite de esta generación, la del 68, que arrasó. Y que mis coetáneos vimos que estudiando en la Universidad se llegaba lejos y se lo transmitió a sus hijos".
Garrido continúa: "A partir de los ochenta, el porcentaje de estudiantes universitarios se multiplicó, sobrepasando el 30% y sumando a las mujeres, que se incorporaron de forma masiva. Se produjo un vuelco educativo tremendo, incomparable a cualquier otro país europeo. Y no ha habido puestos buenos para todos. Por mucho que queramos, no hay. Y se ha creado un número indeterminado de jóvenes frustrados, con una larga trayectoria estudiantil, que no ha rendido, que no ha ganado lo suficiente...".
Como Belén o como su amigo el ex teleoperador, que no encontraron trabajo al salir de la Universidad. Ellos, y muchos otros, siguieron estudiando en un intento de sobresalir: un máster, un doctorado, más cursillos... y cada vez más años, más necesidades y más exigencias para un puesto de trabajo especializado y bien pagado que no aparece: un circulo vicioso que recuerda a los que trazan los ratones de laboratorio buscando desesperadamente inútiles salidas a laberintos trucados sin salida.
Y los más jóvenes de esta generación tampoco lo tienen más fácil. Daniel Castillejo, sevillano de 29 años, lo ejemplifica: "Soy arquitecto, hablo tres idiomas, y no llego a 1.000 euros de sueldo al mes por trabajar, sin contrato, en un estudio. Jamás he tenido un contrato, ni vacaciones, ni pagas extras, voy en un coche de hace 15 años y este mes he renunciado a comprar diariamente el periódico porque no me puedo permitir gastar 30 euros más. Vivo de alquiler con mi novia y yo no creo que nos hayan estafado: yo creo que nos están tirando a la basura".
De cualquier manera, tanto el sociólogo Garrido como Miguel Requena, otro profesor de sociología de la UNED, coinciden en no dramatizar demasiado: "Las condiciones de vida de los jóvenes de ahora, en su mayoría, son mucho mejores que las de la mayoría de los jóvenes de los años cincuenta o sesenta, y no digamos anteriores".
Carolina, los martes y los jueves, va a clases de iniciación al baile flamenco en la academia Flamenkita. Paga por ellas 50 euros al mes. Una hora da para poco: movimientos de muñeca, unos pasos de fandango... Pero a Carolina le basta porque mientras baila se relaja. Eso sí, como buen mileurista, ha tenido que elegir: "Me apunté a flamenco y me borré de la piscina, porque las dos cosas no podía pagar".
Más que amigas
Ya es de noche cuando vuelve en autobús a su casa. Allí se encuentran ya sus tres compañeras de piso. Se sientan en el sofá del salón. Laura Caro tiene 29 años, es economista, especialista de marketing y ahorra para pagarse un segundo máster; Ainara Barrenechea tiene 24, cursó derecho y trabaja en el departamento de contabilidad de una gran empresa; Belén Simón, de 29 años, hizo historia del arte y se gana la vida en un centro cultural. Se preguntan unas a otras que qué tal el día. Son más que compañeras de piso: son amigas. O, tal vez, la frase es al revés. Son más que amigas: son compañeras de piso. Y con la casa, comparten la su vida.
Laura, la más mayor, es la que más resueltamente critica lo que le rodea: "Yo he ido a un banco a pedir una hipoteca y me han dicho que no porque no entro en el baremo. Llevo 19 años estudiando, voy a seguir estudiando no sé cuántos más y no entro en el baremo...".
Las cuatro cuentan con contrato. Ahora. Porque todas han coleccionado relaciones laborales de todo tipo. Se han aprovechado de la última marea económica: en 1995 trabajaban 12 millones de personas; ahora lo hacen 19. Pero han sido víctimas de la precariedad laboral que se ha venido cebando con los jóvenes de esta generación: en 2004, el 52% de los contratos firmados por jóvenes de 30 años fue temporal. Y esto es algo que viene de lejos: en 1995, esta tasa llegaba al 62%.
A medio camino
Y sobre todo, con sus 1.000 euros al mes, se han quedado colgadas, a medio camino de la emancipación (independientes de sus padres, dependientes de sus compañeros de piso), asistiendo estupefactas, junto con millones de jóvenes, al meteórico aumento del precio de la vivienda: en 1993, un piso de 100 metros en una capital de provincia costaba en España, de media, 91.000 euros. Hoy, ese mismo piso vale 228.000. Los que compraron hace 10 años habrán hecho la inversión de su vida. Los que no pudieron, vivirán condenados a compartir piso toda su existencia o, en el mejor de los casos, a "entrar en el baremo" y firmar una hipoteca a 30, 35 o 40 años que liquidarán a las puertas de la jubilación.
Los sociólogos coinciden en el carácter imprevisible de esta generación, en su marchamo original, en su necesidad de ir rompiendo moldes y en la incertidumbre que les rodeará a lo largo de su vida. Tal vez porque han sido siempre muchos en un tiempo demasiado convulso. En los años sesenta y setenta nacían al año más de 650.000 niños. En 1997, sólo 366.000, según el Instituto Nacional de Estadística.
Así, cuando los ahora mileuristas estudiaron EGB o BUP, cada aula contaba con 45 alumnos como mínimo. Cuando llegaron a la Universidad, se la encontraron repleta, y muchos no pudieron estudiar lo que desearon como primera opción. Después, no ha habido trabajo cualificado para todos, y los expertos vaticinan un colapso en las pensiones a no ser que trabajen mucho más de los 65 años.
Sus padres crecieron deprisa y se cargaron de responsabilidades pronto. A la edad de Carolina, o Laura, sus padres ya habían comprado (o casi) una casa. Carolina sólo cuenta con la cama de su habitación, una mesa de estudio que duerme plegada en un rincón y un aparador rojo de diseño donde coloca sus libros.
Estos mismos padres mantuvieron una tasa de natalidad que rondaba la de tres hijos por mujer fértil. Pero precisamente estos hijos la hundieron, a finales de los noventa, hasta un 1,1, la más baja del mundo. No porque no quieran, sino porque el reloj biológico no contiene años suficientes para alcanzar el estatus que, a su juicio, necesitan para reproducirse.
En el apartamento de Barcelona, las cuatro chicas discuten sobre esto. Y Carolina asegura: "Sí, no sabemos lo que será de nosotros. Esta cosa de vivir al día da libertad, porque no tienes nada fijo y puedes permitirte, en un momento dado, irte lejos, sin consultarlo con nadie, romper con todo. Eso es verdad. Pero yo echo de menos cierta seguridad. Lo del día a día lo llevamos haciendo tanto tiempo que... ya cansa".
"Ya han tenido tiempo de darse cuenta", concluye Gil Calvo, "de que el porvenir ya no se escribe más como en las viejas novelas, en las que el personaje empezaba mal, desde abajo, y terminaba bien, triunfando, arriba. El porvenir ya no va en línea recta. Por eso parece que dan vueltas, que deambulan continuamente, sin encontrar la salida". Como los ratoncitos de los laboratorios.
Son las once de la noche. El piso de Carolina, Laura, Ainara y Belén comienza a poblarse: amigos y amigas de una o de otra que se dejan caer, que se suman a la conversación. Se sacan latas de cerveza que abarrotan la mesa bajera. Se habla mucho, se ríe, se hacen planes para salir. Carolina sonríe: "Así es siempre, viene gente imprevista, mucha gente, como cuando éramos estudiantes, es una vida como de eterno estudiante. Lo malo es que ya no somos estudiantes. Es divertido, pero..."
Pero ya cansa.
La aventura de irse de casa de los padres
EL 30% DE LOS JÓVENES españoles con edades comprendidas entre los 30 y 35 años vive aún con sus padres; si la estadística se ocupa de los que tienen entre 25 y 29 años, entonces la cifra se eleva hasta el 63%. Y hasta el 95% si se trata de jóvenes entre los 18 y los 25 años. Son datos del Instituto de la Juventud e indican el escasísimo grado de emancipación de la sociedad española, impensable en países del norte de Europa o Estados Unidos.
El catedrático de Economía de la Universidad Carlos III de Madrid, Javier Ruiz Castillo, cita ciertos factores con los que se tiende a solventar el asunto: "Juventud acomodaticia, padres tolerantes; una cultura, la del sur de Europa, que propende a una familia grande... Pero luego he hecho estudios y se llega a la conclusión, que no por evidente se tiene que dejar de citar, de que los jóvenes que viven en ciudades con menos paro o con viviendas más baratas se independizan antes". Este catedrático hizo otro estudio a principios de los noventa, en el que quiso demostrar qué sector de la población vivía mejor. Un trabajador menor de 30 años con un hijo obtenía casi la media: 100. Un trabajador cualificado de cierta edad, soltero, obtenía un 184, el primer puesto. ¡Y un universitario viviendo en casa de sus padres, un 154! "Esto quiere decir que eran, y son, los reyes del mambo, e independizarse implica perder mucho", añade.
El sociólogo Enrique Gil Calvo explica lo mismo a su manera: "Cuando no resulta posible emanciparse adquiriendo una posición social equiparable a la que se disfruta con sus padres, entonces parece más racional aplazar la decisión de emanciparse. Es una pura estrategia familiar de ascensión social,
y eso lo hacen tanto las familias acomodadas como las desfavorecidas, las de izquierda como las de derecha".
Y Juan Carlos Martínez, mileurista de 33 años, a la suya: "Trabajo desde hace nueve años como comercial. Gano alrededor de 1.100 euros brutos al mes. Y he intentado independizarme dos veces: la primera me fui con mi hermana; la segunda, con amigos. Las dos veces fracasé y he vuelto con mis padres. No es que no pueda. Pero con lo que gano, si pago unos 600 euros de alquiler de un piso, 200 de la letra del coche (lo necesito para trabajar) y 200 más para comida, no me queda nada. Y como yo estoy fuera de casa todo el día gasto, mínimo, seis euros al día, entre tabaco y tal; así que se acabó. Cuando vivía independiente (independiente es un decir, porque estaba con mi hermana o con compañeros de piso...) no podía salir, ni viajar, ni comprarme ropa, ni nada...; no vivía, sólo sobrevivía. Y yo quería cierta calidad de vida. La misma que tenía en casa de mis padres. Por eso volví. Por eso espero a que me vayan mejor las cosas para irme otra vez".

sexta-feira, 12 de maio de 2006

Chegou o verão

Quando era muito jovem acordava com os sentidos alerta para o mundo. Vivia com energia para mim e para os que estavam comigo. Sentava-me à mesa só quando era absolutamente necessário comer e corria para a vida a toda a hora. Tinha sempre vontade para fazer tudo e tinha a alcunha de verbo ir. Hoje em dia, em boa verdade nada mudou, simplesmente faço tudo a correr e obrigada pela responsabilidade, mas tenho vontade de viver a andar...
VIVA A PREGUIÇA E AS HORAS SEM FAZER NADA NA AREIA DA PRAIA!

quinta-feira, 11 de maio de 2006

Pelo menos estamos no ranking...

Um estudo internacional revela que Portugal se encontra no 43.º lugar de um ranking de 60 economias mundiais. Como vinha no jornal Público (11-05-2005):

Portugal subiu duas posições no ranking de competitividade do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Gestão (IMD), ocupando agora o 43º lugar, interrompendo a tendência descendente que apresentava desde 2001.(...)
O IMD subdivide o índice geral por dimensão da população, regiões e Produto Interno Bruto (PIB) por habitante. No primeiro, relativo ao grupo das economias com menos de 20 milhões de habitantes, Portugal ocupa a 26ª posição entre 31 países, o que constitui uma recuperação face ao 28º lugar da edição anterior. (...)
Os rankings são baseados em 312 critérios, que se dividem em 126 indicadores estatísticos extraídos de informação disponibilizada por organizações internacionais, nacionais e regionais; 113 baseados em inquéritos de opinião; e 73 que são apresentados como informação de background mas não utilizados na construção das ordenações.

Como será que conseguimos enganar os países atrás de nós? Bem vistas as coisas se contarmos com as economias da Europa, dos EUA e do Canadá teremos 30 lugares preenchidos (a contar com a Suíça), se a estes juntarmos a do Japão, da China e de um ou outro país mais ou menos desenvolvido encontramos aí a explicação para o nosso 43.º lugar neste ranking.
A iliteracia portuguesa também terá feito das suas e as entidades portuguesas responsáveis pelo inquérito terão tido algumas dificuldades em responder a tantas perguntas, principalmente nas situações em que não havia escolha múltipla!
Na verdade, os países que não conseguiram ultrapassar-nos estão a meio caminho de chegar à bancarrota ou ao golpe de estado, ou então são os principais responsáveis pelos consecutivos aumentos de petróleo e da nossa pobreza interna.
Bom, mas mesmo a sério, como é possível que neste país de praias, sol e mar, ainda não nos tenhamos rendido a um espírito mais relaxado e descontraído? É que o faducho e a triste sina portuguesa já passaram de moda! E a descontração pode mesmo vir a ser o caminho para finalmente passarmos a estar no terceiro mundo com orgulho e perdermos de vez as aspirações a primeiro.

quarta-feira, 10 de maio de 2006

Distribuição de miolos

Onde estavam algumas pessoas quando foi a distribuição de miolos?
Parece pertinente perguntar se algumas pessoas faltaram nesse dia, já que acontecem coisas mirabolantes com certos elementos estranhos com que nos cruzamos por aí...
Imaginem que vão a uma bomba de gasolina encher o depósito de combustível e a pessoa que trabalha na bomba vem ter convosco porque percebe que algo não está a funcionar naquele preciso momento. A pessoa em questão esforça-se por vos dar uma ajuda (na bomba de gasolina junto ao vosso carro com a "pistola" de combustível na mão) e até vos explica o que está a acontecer, parece que está relacionado com o ar no depósito... Prestável, é um facto! Não fosse ser funcionário de uma BOMBA DE GASOLINA e ter um cigarro aceso NA BOCA e eu dira que não só era prestável e simpático como inteligente!

Folgamos em sabê-lo!

Há coisas na vida que nos fazem crescer e pensar, mas não quero falar disso hoje, quero apenas falar de momentos políticos portugueses cheios de humor britânico nonsense.
Ouvi na rádio o sr. presidente da Associação de Municípios do Algarve falar sobre o abastecimento de água que felizmente chega para este ano e até para meados do próximo. Este aviso é o primeiro sinal de época balnear, já que funciona como convite para o turismo de verão com lucros imbatíveis quando comparados com outras regiões de turismo do país. Dá, portanto, muito jeito que se façam estes comentário no início da época balnear, para que o Algarve cheio de betão à beira mar e campos de golfe em todo o lado lá receba o seu lucro turístico.
Acontece que eu tenho boa memória política e ainda me lembro de alguns comentários do sr. presidente no ano anterior, sobre as falhas de abastecimento de água e os problemas enfrentados por algumas populações. Na verdade se pensarmos bem no investimento de turismo que se tem feito nesta região, concluímos que não se trata apenas de muita gente a tentar investir hoje para ganhar amanhã (com condições para alojamento e restauração que roçam o terceiro mundo), trata-se de todo o trabalho político municipal feito para os turistas de luxo que procuram alguns espaços algarvios. Quando se falava dos problemas relacionados com o uso de água, ocorreu-me que o Algarve tem tantos campos de golfe como sobreiros (a contar com os que arderam no ano passado). Será que ninguém se lembrou da necessidade absurda de água implícita na manutenção deste tipo de equipamento? Sabem quantas pessoas usam efectivamente os campos de golfe plantados ao sul? Eu também não, mas gostaría de saber se são tantas quantas as que tiveram problemas de abastecimento de água no verão passado. Sabem quantos sobreiros arderam nos incêndios de verão? Eu sei que foram os suficientes para prejudicar o nosso melhor produto de exportação - a cortiça (a melhor do mundo, segundo alguns entendidos). Sabem que tipo de água alimenta os campos de golfe? Eu nem quero saber, mas imagino que pode ser canalizada para combate a incêndios. Portanto acho que no melhor momento de nonsense político com que fomos premiados, este senhor não precisa de explicar ao país porque investe tanto tempo, dinheiro público e água em equipamentos usados por minorias com dinheiro suficiente para praticar golfe num buraco da lua, em vez de se aplicar nos projectos de futuro para o país, porque em boa verdade é mesmo disso que se trata: nonsense...
Enfim, os Monthy Phyton não fariam melhor.
Folgamos em saber destes assuntos!
Forte abraço a todos.