Lamentavelmente, não há muitos adjetivos para classificar os 1 108 764 portugueses, (pelos vistos cresceram relativamente aos que vinham com o culto do energúmeno para presidente e para uma bancada parlamentar), que acharam que a alternativa ao poder constituído, passa por eleger um energúmeno que ambiciona o poder absoluto.
Que tipo de desespero leva 1 108 764 portugueses a achar que não há alternativa? É a vontade de voltar a ter uma ditadura? O Alzheimer precoce atacou-os? Será isso, ou então será falta de noção sobre o que significa eleger um bronco chico esperto para líder de um país? Ponham os olhos nos exemplos mais próximos, resultou em Itália? Resultou na Argentina? Resultou na Rússia, na Turquia, no Brasil e até nos EUA? Nem por isso, parece que é difícil perceber, mas não resulta e o único motivo pelo qual ainda não perceberam prende-se com a profunda falta de cultura cívica que caracteriza este tempo que vivemos, profunda ignorância política, profundo desconhecimento da história recente deste país, mas pior que tudo, o regresso dos tiques de machismo, xenofobia, racismo e todos os outros ismos encurralados, de todos os saudosistas bolorentos, que preferem o discurso da tasca do energúmeno ao debate político do Parlamento (que o próprio faz questão de manchar com todas as mentiras que o caraterizam).
Voltámos aos tiques antigos e os líderes dos restantes partidos caíram, mais uma vez, na esparrela. Da esquerda à direita, encheram o debate político de formas e não de substâncias, que deram ao energúmeno e aos seus capangas margem de manobra para discutir formas (já que substância estes não têm nenhuma).
A imprensa, continua a levar o energúmeno ao colo, quando derem conta, mesmo que queiram, já não podem dizer o que querem, porque enquanto apontam a tudo o que mexe do lado do energúmeno, para vender ao povão, que gosta de "ver o circo a arder" e por isso alinha no discurso do seminarista bolorento, ele vai ganhando votos com a única estratégia que tem, dizendo aquilo que querem ouvir, mesmo que seja impossível de concretizar, irrealista ou uma mentira evidente. Os jornais, telejornais e afins, apesar do esforço, escusam de vir com polígrafos e outros apetrechos, porque enquanto abrirem o telejornal com o energúmeno aos pulos e aos urros, levam-no ao colo para o próximo tachinho ou cargo político. A juntar a este circo, falta dizer que a maioria dos conteúdos que os fascizoides gostam de propagar na dita "internet" livre demora 20 min. a produzir, num computadorzeco de um esterco qualquer, que ganha umas coroas na darkweb. O Watergate demorou 2 anos a investigar por jornalistas, editores e proprietários de uma imprensa que teimava em ser livre e contribuir para uma justa avaliação da política. Não precisamos que nos empandeirem "verdades absolutas" que só estão disponíveis na internet, precisamos de civismo, precisão e sentido crítico numa imprensa livre, patrocinada (ou não, depende de nós) pelos energúmenos donos dos big tech, que não servem para nada que não seja virar o mundo do avesso com os seus algoritmos financeiros.
Quando o discurso sobre "os portugueses de bem" voltar a ser dominante, lá se vai a liberdade, a independência e o livre arbítrio, porque uma coisa é garantida, a imprensa independente não tem lugar no modelo de governação deste energúmeno.
Finalmente, como reflexão, a educação deste país vai pelas ruas da amargura, mas isso já sabíamos. Os professores, que tanto lutam pelos seus justos direitos, passam mais tempo nas formas e menos nas substâncias. Enfim, a cidadania, disciplina que tanto incomoda alguns políticos e aos supostos "portugueses de bem", deve sim ter conteúdos políticos, a nossa vida é eminentemente política, é bom que os alunos deste país aprendam isso desde cedo. A juventude deve saber o que significa uma opção de direita e de esquerda, uma opção de voto nulo ou de voto em branco, e o que significa a abstenção, deve saber o que significa a Democracia. As alarvidades que muitos jovens encontram no tik tok e nas outras redes sociais não têm validação jornalística, que é gente formada para, precisamente, validar factos.
A primeira manobra destes novos fascismos reside em desacreditar profundamente a imprensa, aproveitar uma forma de comunicação de massas alternativa, baseada em modelos de negócio que apenas visam lucrar massivamente, e com isso espalhar um conjunto de mentiras. Segundo a cartilha dos novos fascistas, depois da escolha, quando a coisa não lhes corre de feição, lançam a dúvida sobre o resultado das eleições, os mais afoitos, invadem parlamentos.
A segunda manobra de manipulação, esta aprenderam no manual do Hitler, do Estaline e dos refinados fascistas do século passado, é sobre a segurança do país, criando supostos inimigos que é preciso combater, para depois trazer as forças de segurança ao barulho, entretanto profundamente infiltradas de gente extremista, que por necessidade de afirmação, terá que exercer a força sobre alguém. Com isto, os desgraçados dos supostos inimigos, normalmente emigrantes, ciganos, pretos, chineses, muçulmanos de todas as origens, hindus, brasileiros, ucranianos, and so on, são encurralados, e a mais valia que trazem para a economia vai-se como areia pelos dedos das mãos. Entretanto, estamos sempre a falar de chico-espertismo, cavalgam sobre manobras da justiça e sobre os casos e casinhos que derrubam governos, e que deviam ser alvo de escrutínio independente, mas não são.
Os pais, que deixam de falar de política porque estes assuntos "aborrecem" e é muito mais fácil mandá-los para os tik toks, deviam educar os filhos e ensiná-los que na vida as opções políticas não são fáceis e que o país não se governa por decretos alarves e irrealistas, enquanto se engordam as fortunas dos amigos ricos, dá trabalho construir um rumo que nos afaste do chico-espertismo. Enquanto a iliteracia cívica for reinante, a ignorância dará ao povo o "circo a arder" que desejaram, baseado uma minoria oportunista e fascista, que por falta de comparência dos restantes, foi ocupando terreno.
Falta ainda a cândida justificação dos que não querem aceitar a existência de um sem número de racistas, xenófobos e machistas naturais, que vieram normalizar o seu discurso com o tipo de comentários do energúmeno que urra. Estas pessoas, neste país, tinham sido colocadas no lugar delas, o canto da sala. Pois, vamos esperar que não sejam precisos outros 50 anos para voltarmos a ser um país moderno e progressista. É preciso voltar a explicar a estes 1 108 764 portugueses como é que o velho que caiu da cadeira deixou este país durante 48 anos (será coincidência, um macaquinho por cada ano de ditadura?).
Aos 1 108 764 portugueses resta perguntar: sabem o que legitima o poder democrático? A vigilância do povo. Acusamos a convocatória e cá estaremos para esse efeito.
Voltamos a um post do longínquo ano de 2022, a propósito da eleição que terminou com uma maioria absoluta (que também terminou), agora numa versão revista e aumentada, para quando aquele gajo do comentário desportivo, que urra umas cenas na Assembleia, ocupar o seu lugar, acompanhado com mais 47 capangas, que, se não nos enganamos muito, há semelhança do que fez o partido do Hitler antes de tomar o poder, vão querer convencer o resto do país de que este não é seguro e que precisamos de um partido de força bruta para levar isto por diante (uma linguagem que agrada, e muito, os 1 108 764 portugueses que lhe deram votos)...
Luto por 1 108 764 portugueses.
1 108 764 portugueses que gostam de ser enganados por um bode que urra, agora com mais 48 capangas para fazer claque dos seus urros (como o gajo se evidenciou no comentário desportivo, precisa dos hooligans para repetir os urros).
1 108 764 portugueses que se afastarão das decisões públicas e que não terão legitimidade para as debater, porque querem fundar uma nova república (sabe-se lá o que pensam que significa a palavra República, e ainda mais o que pensam da palavra Democracia).
1 108 764 portugueses que não concordam com a atribuição de apoios aos mais necessitados (que até podem ser os próprios), preferem a caridadezinha ao apoio real e consistente, e ainda consideram os necessitados como subsidodependentes (já agora, como temos uma bazuca de dinheiro para gastar, também querem devolver o dinheiro europeu? O princípio é o mesmo).
1 108 764 portugueses, estes mesmos, que se afastarão do centro de emprego, porque não precisarão de subsídio quando a hecatombe da crise económica e social desabar em cima das nossas cabeças (sendo que alguns já vão com uns valentes meses de avanço nesta hecatombe).
1 108 764 portugueses que se afastarão das creches (as que resistem), das escolas e das universidades públicas, em particular das faculdades de medicina do país (que custam muito dinheiro ao erário público, e ainda bem!), porque acreditam no ensino privado e nos privilégios do ensino privado.
1 108 764 portugueses que se afastarão dos tribunais, porque a nova república que querem fundar terá um supremo líder, e este decidirá sobre todos os aspetos da vida deste país, e ainda porque o Estado não pode, nem deve, subsidiar a defesa de gente que não é de bem (mesmo que seja num litígio matrimonial).
1 108 764 portugueses que prescindirão de receber as vacinas que constam do plano nacional de vacinação, porque o Estado não tem que suportar essas despesas (boa sorte com o sarampo, tosse convulsa e tuberculose, pneumonia e respetivas hepatites).
1 108 764 portugueses que deixarão morrer a ciência em Portugal, porque esta é uma das áreas onde o privado não vê vantagens em investir (boa sorte com o ébola e com a malária, quando chegarmos ao ponto de ganhar com o aquecimento climático um novo mundo cheio destas pérolas naturais).
1 108 764 portugueses que querem deixar morrer o combate ao analfabetismo, desigualdades e exclusão social, que com todas as limitações vai fazendo o seu caminho (a sopa dos pobres em Lisboa fica nos Anjos, para quando perderem o emprego).
1 108 764 portugueses que querem deixar os "velhos patrões" tão bonzinhos e tão simpáticos com os seus trabalhadores, tomar o poder e cilindrar os seus direitos, conquistados a pulso nos últimos 50 anos, que se seguiram à revolução pacífica do 25 de abril (esta data, a propósito, deixará de ser um marco no nosso país).
1 108 764 portugueses que querem Fátima, Fado e Futebol de novo, só para entreter (boa sorte a tentar atirar para baixo do tapete as alarvidades dos amigalhaços do vosso supremo líder).
1 108 764 portugueses que acreditam na ideia de um país inseguro, para depois nos venderem a ideia de um estado de sítio que precisa de força bruta (boa sorte com o que se segue).
1 108 764 portugueses que acham que os pedófilos têm que ser castrados quimicamente e que a pena de morte é indispensável para a justiça do país (boa sorte quando chegarmos ao modelo árabe de cortar a mão aos ladrões de fruta).
1 108 764 portugueses que querem deixar morrer a cultura portuguesa (boa sorte...).
1 108 764 portugueses analfabetos da democracia, que não perceberam que em 50 anos passámos da pobreza franciscana (para usar termos que vos são próximos), para a eficácia jesuíta.
Um abraço felino (não para estes 1 108 764 portugueses, que me dão náuseas).
Zorbas,
O Gato grande, preto e gordo.