Luto por 385 543 portugueses.
385 543 que gostam de ser enganados por um bode que urra, agora com mais 11 capangas para urrar com ele (como o gajo se evidenciou no meio desportivo, precisa de uma claque para repetir os urros).
385 543 que se afastarão das decisões públicas e que não terão legitimidade para as debater, porque querem fundar uma nova república (sabe-se lá o que pensam que significa a palavra República, e ainda mais o que pensam da palavra Democracia).
385 543 que não concordam com a promíscua subsídiodependência (também querem devolver o dinheiro europeu? O princípio é o mesmo).
385 543 que se afastarão do centro de emprego, porque não precisarão de subsídio quando a hecatombe da crise económica e social desabar em cima das nossas cabeças (sendo que alguns já vão com uns valentes meses de avanço nesta hecatombe).
385 543 que se afastarão das creches (as que resistem), das escolas e das universidades públicas, em particular das faculdades de medicina do país (que custam muito dinheiro ao erário público, e ainda bem!), porque acreditam no ensino privado e nos privilégios do ensino privado.
385 543 que se afastarão dos tribunais, porque a nova república que querem fundar terá um supremo líder que decidirá sobre todos os aspectos da vida deste país, e porque o Estado não pode, nem deve subsidiar a defesa de gente que não é de bem (mesmo que seja num litígio matrimonial).
385 543 que prescindirão de receber as vacinas que constam do plano nacional de vacinação, porque o Estado não tem que suportar essas despesas (boa sorte com o sarampo, tosse convulsa e tuberculose).
385 543 que deixarão morrer a ciência em Portugal, porque esta é uma das áreas onde o privado não vê vantagens em investir (boa sorte com a próxima pandemia).
385 543 que querem deixar morrer o combate ao analfabetismo, desigualdades e exclusão social, que com todas as limitações vai fazendo o seu caminho (a sopa dos pobres em Lisboa fica nos Anjos, para quando perderem o emprego).
385 543 que querem deixar os "velhos patrões" tão bonzinhos e tão simpáticos com os seus trabalhadores, tomar o poder e cilindrar os seus direitos, conquistados a pulso nos anos que se seguiram ao 25 de abril (esta data, a propósito, deixará de ser um marco no nosso país).
385 543 que querem Fátima, Fado e Futebol de novo, só para entreter (boa sorte a tentar atirar para baixo do tapete as alarvidades dos amigalhaços do vosso supremo líder).
385 543 que acreditam na ideia de um país inseguro, para depois nos venderem a ideia de um estado de sítio que precisa de força bruta (boa sorte com o que se segue).
385 543 que acham que os pedófilos têm que ser castrados quimicamente e que a pena de morte é indispensável para a justiça do país (boa sorte quando chegarmos ao modelo árabe de cortar a mão aos ladrões de fruta).
385 543 que querem deixar morrer a cultura portuguesa (boa sorte...).
385 543 analfabetos da democracia, que não perceberam que em 40 anos passámos da pobreza franciscana (para usar termos que vos são próximos), para a eficácia jesuíta.
Um abraço felino (não para estes 385 543 mil, que me dão náuseas).
Zorbas,
O Gato grande, preto e gordo.
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