Dias em que a imprensa tem notícias que nos fazem reler para ver se há alguma coisa que nos tivesse escapado.
O problema não está nos testes alargados, como é óbvio, testem lá 10 milhões de portugueses que ficaremos todos na mesma ao nível do esclarecimento. Mas se alguém explicar estatísticas com pés e cabeça (há dois livrinhos muito úteis para explicar algumas coisas, são de um senhor chamado Bento Murteira, morreu em 2018, antes do COVID, que tratam precisamente as probabilidades e estatística, estão em português, são muito específicos para problemas estatísticos, em particular para os da economia e gestão, mas aplicáveis a outros contextos, e poupavam tempo aos portugueses inundados com números diários sem grande explicação), talvez se ganhe no combate à doença e na tentativa de evitar o tsunami económico que estamos prestes a viver.
O problema está precisamente no inexplicável e vago mundo novo que este vírus abriu na imprensa e na generalidade das ilustres cabeças pensantes por aí...
Pessoas há que nasceram com dor de cabeça crónica, as chamadas enxaquecas, de vária natureza, e com defeitos de fabrico ao nível da fossa nasal, e então, querem que vá testar quantas vezes por semana? É só quando a cabeça parece que vai explodir ou quando o nariz tem um bloqueio ao nível do Muro de Berlim. A tosse é para considerar quando acabar a alergia do estupor do plátano ou é para ir já a correr desimpedir o nariz com o cotonete gigante do teste do covid?
"(...) A desvalorização deste tipo de sintomas “representa um ângulo morto do controlo da pandemia e pode estar a contribuir para o actual descontrole da mesma na Europa em contexto de maiores contactos laborais e sociais associados a diminuição de restrições”, porque, “se não identificarmos estes casos, não poderemos controlar as cadeias de transmissão”. (...)"
Talvez o chamado ângulo morto explique a derradeira razão para termos todos um açaime na cara e mesmo assim continuar a haver cadeias de contágio.
Quando se perceber o que permanece do vírus e porque se mantêm as cadeias de contágio, já haverá umas 10 dezenas de vacinas para o COVID.
Já sabemos que é uma novidade e que a ciência ainda não tem explicação para quase nada, mas ainda assim, se calhar é melhor conter estes disparos bizarros e esperar por resultados palpáveis, porque dificilmente o comum dos mortais percebe o desenvolvimento do método científico, a evolução da tese com base em erros sucessivos e, depois, ao fim de um número infindável de tentativas, uma hipótese válida, que se verifica até à exaustão. Não podem desejar que as pessoas percebam que ainda estamos na fase do erro sucessivo, quando, na generalidade, as notícias sobre ciência pouco são divulgadas (justiça se faça ao Público e ao DN que têm jornalistas para divulgar conteúdos científicos) ao longo do ano e a população em geral contacta tão pouco com notícias científicas. A iliteracia em matéria científica é grande neste país (na generalidade dos países, excepto em áreas muito específicas), por isso é preciso cautela com os disparos.
Assim, para tornar a coisa mais engraçada, a próxima medida supersónica da OMS para todo o mundo vai centrar-se na família (o que resta da nossa sanidade mental em tempo de "Afasta-te, olha lá o COVID"), estou mesmo a ver a populaça a comprar acrílicos para a mesinha de natal, ou a montar uma mesinha no corredor para a avó e o avô não sofrerem com um potencial contágio...
Eu garanto que estou a fazer um esforço imenso, mas já só consigo lidar com estas coisas de forma irónica, até que me expliquem estatísticas com seriedade e o COVID deixe de ser o tema geral da nossa vidinha, e passemos a olhar com olhos de ver para a destruição massiva da nossa economia e do potencial humano que desperdiçamos com isto.
Vá, pronto, isto passou-se mas pensem lá isso melhor.
Um abraço felino,
Zorbas,
O Gato Grande, Preto e Gordo.
O Gato da enxaqueca e do nariz torto que dificulta a respiração, e tosse moderada relacionada com o plátano...
Sem comentários:
Enviar um comentário