terça-feira, 18 de agosto de 2020

E agora, gente, e agora?

Vemos com esperança uma miríade de vacinas a aparecer em várias partes de governação duvidosa pelo mundo fora. Aguardemos.

Em simultâneo, o ritmo da taxa de mortalidade, em quase todos os países, aumenta vertiginosamente (não necessariamente ligado à pandemia, mas, provavelmente, como consequência dos confinamentos e da sobre ocupação hospitalar).

Como o mundo se distraiu com esta virose colectiva, mas entretanto os registos de temperaturas verificado na Califórnia, assim como o calor extremo na Sibéria, nunca antes vistos na história da humanidade, lembram que o mundo não está só refém do COVID-19, está a avisar-nos mais uma vez.

Este ano já tivemos um verão incendiário na Austrália, que secou boa parte da água potável em áreas de grande stress hídrico.

Estamos a assistir de bancada à destruição brutal da floresta amazónica, com todos os interesses corporativos corruptos do Brasil ao serviço de um energúmeno que tomou o país de assalto.

Na Indonésia, o ritmo de destruição da floresta nativa vai eliminar um dos últimos redutos tropicais do Pacífico.

As tensões no Médio Oriente, principalmente em torno das fontes de água potável, continuam a aumentar e o ritmo de desertificação também.

Os pólos registam um degelo nunca antes visto.

E podemos continuar com um conjunto cada vez maior de factos que nos dizem que o planeta Terra sobreviverá a isto, como sucedeu anteriormente, já a humanidade é que talvez não, mas ainda vai penar muito até desaparecer. 

Por isso, uma vez que vivemos uma economia de mercado, pergunto aos senhores do dinheiro, e agora? Para que vos servem os biliões e a economia de casino que promovem alegremente para encher os bolsos? 

Podiam ser éticos e devolver à humanidade aquilo que roubaram, em particular ao promoverem fluxos desequilibrados, com dois terços do mundo a produzir (com custos minimalistas e lucros sempre crescentes) o que um terço do mundo consome, sendo que a maioria dos produtos mais rentáveis são consumidos por 1% da humanidade... Poder até podiam, mas não era a mesma coisa...

Podiam financiar vacinas, tratamentos hospitalares e afins, programas de tratamento de doenças com danos pessoais e sociais incríveis, mas não era a mesma coisa...

Podiam contribuir para o saneamento básico dos países onde exploram boa parte da população activa, contribuindo para uma melhoria substancial da qualidade de vida desses operários, mas não era a mesma coisa...

Podiam enveredar por uma atitude verde, patrocinando programas de rejuvenescimento florestal em áreas anteriormente verdes e actualmente desertas, mas não era a mesma coisa...

Podiam adoptar formas de exploração de recursos menos lesivas para o ambiente, procurando alternativas ecologicamente viáveis e seguras, mas não era a mesma coisa...

Podiam contribuir para a melhoria das condições de vida de uma enorme percentagem da população mundial, melhorando simultaneamente o clima mundial, mas não era a mesma coisa...

Pois não?

Porque razão a humanidade tem que continuar a financiar os vossos biliões e, em simultâneo, tem que arcar com os danos que os vossos lucros crescentes têm deixado no planeta?

Podemos viver sem uma enorme quantidade de coisas inutilmente produzidas? Podemos sim, mas não podemos votar à pobreza extrema as populações que produzem tudo aquilo que vos dá biliões.

Assim sendo, pergunto-me o que é que estão cá a fazer, se os vossos biliões não servem para grande coisa, excepto para auto-exibição?

Não é preciso ter uma bola de cristal para perceber que o dinheiro não vos servirá para nada, nem para vocês, nem para os vossos sucedâneos, quando o planeta tiver a gentileza de nos exterminar a todos para se reabilitar... Se calhar pensavam melhor no assunto.

Um abraço felino. 

Zorbas, 
O Gato Grande, Preto e Gordo

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