terça-feira, 21 de julho de 2020

Tulipas do extremo norte...

Então não se dá o caso de os chamados "frugais" não querem consenso...
Ah, e tal, não queremos pagar para os países do sul gastarem o nosso esforço financeiro em mulheres e vinho... Pois, porque não há dinheiro sem reformas draconianas, não há cá doações a fundo perdido, só há empréstimos com juros pagos a peso de ouro (para podermos financiar a nossa banca a custo zero).
Vamos a isso então.
A Holanda e o Luxemburgo (que está num outro campeonato) são dois dos países que mais beneficiam do mercado interno europeu, verdade ou mentira? Que eu saiba, as empresas todas que se sediaram nestes países, tinham como objectivo entrar no mercado europeu pela porta grande, mas discretamente para não serem obrigadas a pagar taxas e impostos que o senso comum acharia normais. A Holanda, com políticas financeiras muito simpáticas para a nata do investimento mundial, beneficia mais com as sedes destas empresas que os restantes países europeus, em particular com a quantidade de impostos que as mesmas empresas não pagam no restante mercado europeu, fruto da sua sede num país apostado no dumping fiscal...
Por aqui se percebe que algo vai podre neste reino e, curiosamente também no reino dos restantes frugais...
A opinião pública destes países não vê vantagens em pertencer ao mercado único. Também não vê vantagens em pertencer à União Europeia, será mesmo? Ou será que o efeito da riqueza e extraordinária qualidade de vida, que é muito visível nos frugais, retira aos seus cidadãos o sentido de empatia e solidariedade?
O ultra-liberalismo, que claramente beneficia os ricos, tem resultados desastrosos em algumas áreas, basta ver quanto custará, num futuro próximo, aos cidadãos americanos a factura do COVID, num país onde os cuidados de saúde já são um luxo para a classe média.
Quando os coleguinhas de parlamento dos partidos de extrema direita dos ditos Estados Frugais começarem a apertar o cerco, porque desejam outra coisa em cada um destes países, e porque já estão a afiar a faca para propor referendos de saída da União Europeia, quando o mercado único, tão simpático para cada um deles, for vedado pela defesa de ideias isolacionistas dos fascizoides a espreitar o poder, vai ser bonito de ver o canto do cisne.
Depois, quando for para explicar à opinião pública holandesa quanto custa à Holanda, e já agora aos restantes frugais, a conta do isolacionismo, pois que comam as tulipas e os produtos bio que agora tanto exportam, as bolachinhas de manteiga e os modelos educativos que ensinam a felicidade e a empatia (que ironia dinamarquesa), montem armários BESTA com madeirinha da Suécia, se entretanto os incêndios não a queimarem (podem continuar a exportar para o mundo a imagem da criança inteligente, que o mundo bem precisa de Gretas), promovam os tesouros austríacos aos concidadãos (que, by the way, os judeus austríacos expulsos pelos nazis deixaram, e que tanto jeito dão ao turismo alpino, mas que os vossos sucessivos governos fizeram questão de tentar que a erosão do tempo fizesse resto do mundo esquecer esse pormenor macrabo), pode ser que isso ajude a pagar a fatura.
No meio disto, e porque a Hungria e a Polónia já vão com um avanço de alguns anos neste campeonato, talvez não faça mal aos supostos líderes europeus, reler os princípios fundadores da União Europeia, e promovê-los já nas escolas, desde os jardins de infância, deixando esta literatura a salvo das futuras fogueiras para queima de livros e afins, porque daqui por 50 anos, que não tenhamos dúvidas, hão-de ser úteis às gerações de Gretas que vingarem... 
Pelo meio, perguntem ao Boris como é que correu, pode ser que o barco dele não afunde tão rápido, com a mãozinha da Rainha e da sua Commonwealth (que, por curiosidade, foi fundada no ano de 1931, com a economia mundial à procura de sobrevivência)...
Entretanto, cá estaremos, os países do sul com os seus governos minoritários e pouco "consensuais", sem plano à vista, a gastar dinheiro em mulheres (ou homens) e vinho, não vá o mundo acabar entretanto...

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