segunda-feira, 2 de abril de 2007

Estamos um bocado atrasados com isto, mas cá vai...

O Salazar?! Quem?
Então 65 mil pessoas acham o Salazar o grande português de sempre num concurso televisivo? So what? Qual é o problema de 65 mil pessoas tolas acharem que este homem foi o grande português de sempre num concurso novelístico da RTP?
Podia ser pior, o Marquês de Pombal foi mais ruim que o Salazar e nunca ninguém lhe bate o suficiente. O Estaline foi um dos piores ditadores do mundo e a emproada Odete Santos foge sempre do assunto.
O problema não está nas 65 mil pessoas que gastaram os seus cêntimos a votar no Salazar (coisa que o velhote não teria apreciado), o problema está em achar que esta novela é um espelho do que pensa o país. Poupem as comparações e as articulações de ideias, porque na hora de votar as pessoas lembram-se bem do tempo da sardinha para três e da falta do básico que representou o Salazar e o Fascismo neste país. Curiosamente a Direita tem-se demarcado deste contexto ao longo do tempo (e ainda bem, porque é bom que ela exista para haver pluralidade de opiniões políticas num sistema como o nosso), mas se formos mais incisivos e olharmos bem para o partido de direita com assento parlamentar, vamos perceber que ainda estão na idade da moca e do machado de silex na Democracia portuguesa, não se entendem uns com os outros e ainda menos com o resto do mundo. Não me parece que representem uma Direita fascista condenável, como tivemos até 1974, até porque o Salazar iria ficar irritado com esta gente do mercado da ribeira.
O que me intrigou genuinamente no concurso, (vi no You Tube e tive pena de não ter assistido a isto em directo) foi a camarada Odete Santos achar que a opinião destas tais 65 mil pessoas devia ser proibida e que andamos a alimentar manifestações de fascismo outra vez.
Ora bem, se calhar isso é preocupante, talvez mais que a própria vitória do velhote de Santa Comba Dão, que cosia as meias porque não gastava dinheiro numas novas...
A tal esquerda velhota, como o Salazar, devia refrescar as ideias, porque, graças a um tal sistema de votos democráticos, isto já não vai ser uma coisa parecida com Cuba, onde não se pode dizer nada contra o senhor velhote que manda lá, e as pessoas aqui, FELIZMENTE, podem expressar todo o tipo de opiniões, até as mais tolas de todas, como esta, claro está.
Para mim, que não sou de cá, sou do mundo, odiaria viver num país como a China, como a Coreia do Norte, como Cuba, porque sou demasiado curiosa pelo mundo para me ficar só neste cantinho, e sei, porque estas coisas sabem-se, que nestes países não se pode ter muitas curiosidades, porque o Estado não deixa. Contudo, aceito os cubanos como eles acham que devem viver, tal como os chineses e os norte-coreanos, porque neste sítio onde vivo, ensinaram-me a respeitar as opiniões alheias, mesmo que divergentes das minhas. E isto é mesmo o mais importante, a política tem momentos, como tudo, e este não é, de todo, um momento político, porque não era política o que as tais 65 mil pessoas, votantes no Salazar no concurso, estavam a fazer (o que era só o director de programas da RTP deve saber, porque aquele formato é realmente bizarro).
Ainda assim falta-nos a paródia com o Fascismo, o Comunismo e com a Democracia Partidária. O riso é o melhor barómetro de opiniões, basta observar de que se riem as pessoas para perceber como andam as lides do país. Quando se brincar a sério com o Salazar, então este será um trauma ultrapassado, enquanto isso não acontecer vamos ter sempre os velhos do Restelo a dizer "Eu bem avisei, o tipo vai voltar outra vez, e já não falta muito, o melhor é liquidá-los a todos e já, para não terem ideias!"
Estamos realmente com déficit democrático ou estamos a dar muita importância a um concurso ruim da televisão?
Ora bem, ironicamente, O que faz falta é animar a malta, como diria um tipo que foi professor de escola da minha tia...

1 comentário:

Yakunna disse...

Estou completamente de acordo! É ridiculo que 65 mil pessoas tenham votado no salazar para melhor português, mas mais ridiculo é que os restantes 9 milhões e 935 mil portugueses tenham medo que isto tenham alguma importancia!

É caso para dizer:
salazar, salazar o heroi da nação!