terça-feira, 29 de agosto de 2006

Um gajo chamado Günter Grass

Parece que toda a gente que se preza tem que falar de um tal Günter Grass (recebeu em tempos um prémio qualquer em Estocolmo). Eu acho por bem falar também, não vá o diabo tecê-las, acrescentando a esta discussão rétorica que não estamos a ver bem a coisa.
O tipo parece que fez uma loucura adolescente, parece que se juntou a uma das instituições mais sanguinárias da Alemanha no século XX, no entanto, como era um período experimental na sua vida, se calhar não lhe deu a devida importância. Parece que só agora, passados muitos anos a discutir os atributos da memória colectiva, lhe pareceu importante revelar que também ele terá sido um jovem inconsciente com borbulhas na cara.
Os pseudo intelectuais que se prezam, não vá o diabo tecê-las para eles também, acham que têm pontos a acrescentar a esta simples revelação. Ora, os intelectuais que se prezam, os pseudo escritores e outros que tais também foram adolescentes (alguns ainda o são) e também cometeram as suas loucuras, que graças a deus não querem partilhar... A diferença porém, é que este alemão que recebeu o tal prémio, parece que está arrependido das suas loucuras, mas a sua massa crítica não lhe permite ver que isso não chega para os seus amigos e inimigos escritores do mundo e pseudo qualquer coisa, ou seja, temos aqui um problema!
O meu ponto, que em tudo se difere dos restantes pontos é:
Será que este tipo viu algum episódio da Heidi na televisão alemã? Qualquer um dos episódios de meia hora teria ajudado a perceber que o mundo se divide entre o "bem" e o "mal"...
Amigos, não nos cabe julgar as loucuras de adolescente de uns e outros, e principalmente não nos cabe julgar aquilo que os outros fazem, a menos que digam qualquer coisa sobre o assunto em eternos livros. Este tipo vende livros como pão quente, está prestes a vender uma pseudo biografia bombástica e isto não é mais do que uma manobra de marketing. A novidade deste assunto hilariante é que todos os pseudo qualquer coisa fazem o mesmo, e a principal explicação não está na aventura de revelar verdades loucas, mas na qualidade de vida que estas pessoas ganham com vendas astronómicas. Este tipo teve esta ideia brilhante na casa de banho e andam por aí uns quantos indignados a debater sabe-se lá o quê!
Vejamos, o mundo seria melhor se algumas pessoas dessem menos uso aos pensamentos de latrina, sobretudo quando estes se tornam criativos!
Forte abraço...

2 comentários:

PAM disse...

Bem, o tal Günter Grass foi, na gíria televisiva que nos contamina, um "ganda maluco"! Ora vejam (segundo cv de editoras dos seus livros): aos 16 anos (1943) integrou a juventude hitleriana chegando a ser detido na Checoslováquia; em 1948 (3 anos mais tarde) estudou pintura e escultura na Academia de Arte Düsseldorf; estuda ainda, de 1953 a 1955 na State Academy of Fine Arts, em Berlim.

Ok. O Grass em 10 anos conseguiu manter-se no caminho das artes, experimentando as várias vertentes da mesma. Quem duvide, relembre, aos 16 anos, a arte de bem bater e chacinar, de julgar e de (provavelmente) matar; aos 19, provavelmente farto do vermelho, troca a pistola e as marretas por belos pincéis (quiçá pêlo de marta), escopro e martelo (o martelo poderá ser um "recuerdo" dos tempos de menino ariano). A partir daqui corre a loucura na vida do senhor. Vai trabalhar em 1956 para PARIS! Terra do amor! Resumindo, se já torturaste e mataste judeus e impuros, pinta as suas desgraças em tela, ergue estátuas à sua dor e, se não aconteceu antes na checoslováquia, sê amado por eles! Aqui entram a caneta e a máquina de escrever na vida do senhor! Nesta nova fase da vida dele, escreve o seu primeiro romance, o Tambor, que sendo a primeira parte da trilogia "Danzig", é aclamado pelas críticas. A partir daqui, é uma viagem de carrossel para o estrelado e para o nobel (atribuído em 1999), com o resto da trilogia publicada e mais um porradão de livros, dos quais se destaca "Uma Longa História", considerado o acontecimento literário em 1995, que o consagra como um dos grandes escritores alemães do seu tempo.

Até aqui nada de novo.
O Grass já nem é visto como o porco facho que atormentava quem não era de boas castas ou, facilmente aplicável, toda a uva que não seja Touriga Nacional é para pisar, mas sim como um génio que, teve uma vida torbulenta para chegar onde está. Logo, como e´costume dos génios, o percurso é desculpavel e só vem justificar a genialidade que apresenta. A não ser que sejas um colega de trabalho (escritor neste caso), ou alguém que cobice o prémio do senhor. Aí, os podres são para se contar e, se possível torná-los mais chocantes para o público em geral (que inclui os impuros e outras castas como a Barroca, a Franca ou a Roriz). Inveja é o que é. Caracteriza-nos a todos. Mais a uns que a outros. Mas é inveja.

Outra perspectiva à vida do senhor: 16 anos todos tivemos e, no meio da 2ª grande guerra, era "In" ser do movimento mais badalado da alemanha. Se fosses alemão, claro. Mas 3 anos e uma estadia na choldra checoslovaca foram suficientes para o senhor perceber que aquilo era manhoso. A partir daí as artes. E a mais nobre, ou a mais rentável em termos práticos (porque vender um quadro dá mais dinheiro mas é mais incerto), era a literatura. Porque o senhor era letrado e educado em escolas boas.

Agora, para rematar, o comentário ao ponto:
Heidi? em alemão? Népia. Nem um episódio deve ter visto. Mas do Marco deve ter papado todos. E isso explica muita coisa. Como explica o facto de na década de 50 ter feito essencialmente peças de teatro. Pois. Mais um.

Zorbas disse...

Sabes onde andaria ele no 25 de Abril?
É só curiosidade...
Beijinhos felinos