quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Desculpe, pode repetir?

Do início, o meu francês está enferrujado, mas terei ouvido bem? Então um senhor, Luxemburguês, por sinal (lembro que é só um dos países da Europa onde se pagam menos impostos e onde ouvimos um zum zum sobre um esquema bizarro - de tão grande que era - de fuga aos impostos, já de si incrivelmente baixos), de repente vem dizer:

- Desculpem mas acho que passámos das marcas... Não devíamos ter passado das marcas...

Prosseguindo, e que tal clarificar, porque nem todo o comum cidadão europeu percebe esta linguagem subliminar:

- O risco de implosão é grande e se a Grécia de repente abandonar o barco este afunda-se e ficamos (cá no Norte cinzento e frio) sem a possibilidade de reaver o investimento que fizemos a curto prazo...

Já agora, para tratar de corresponder às expectativas da "nata da nata" financeira, que parece que está a começar a ficar em pânico, preferencialmente dito nas entrelinhas miudinhas

- Temos que rever esta coisa dos países do sul crescerem, porque parece que com o petróleo tão baixo durante tanto tempo a trela apertada não funciona tão bem...

Estamos então esclarecidos sobre o que queria dizer o senhor do Luxemburgo!

Finalmente, não estamos ainda totalmente esclarecidos sobre as reais intenções do resto da Europa, nem sobre quem se segue e onde, porque parece que nos faltam Estadistas em todo o lado, convictos, coerentes e concentrados no farol europeu, e não preocupados com os milhões ganhos por uma pequenina percentagem de europeus que, contra a vontade da maioria, teima em enriquecer... Exacto, ESTADISTAS, daqueles que assumem que o Estado precisa de um mínimo para funcionar e para servir os cidadãos de forma socialmente responsável (razão última da sua existência), mas isso parece que agora é tabu para os lados de Bruxelas.

Qualquer semelhança entre a União Europeia e um qualquer país ainda mais a Sul, onde uma elite endinheirada teima em não redistribuir a riqueza de forma justa e ainda em continuar a enriquecer à custa do trabalho quase escravo da maioria da população é pura coincidência, ou não...

Bom, bom, vivemos tempos extraordinários, não há dúvida.