quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Se o Santana teve "Santanetes", o Crato pode ter "Cratinos"?

Depois do muito que li e ouvi nos últimos dias pus-me a pensar (as pessoas deste país pensam, apesar dos iluminados governantes acharem que não!) nesta absurda realidade do tal "investimento" na Ciência que tantos políticos enchem a boca para dizer e tantos cientistas sabem o que realmente significa.
A Ciência, do meu ponto de vista, é uma chave para o futuro! Como é o Ambiente e a Cultura, mas não digam a ninguém que eles podem ouvir... Isto é verdade aqui, na China, no Camboja ou no Kuwait. Não se tratam de "investimentos" em "Agências para a Ciência" ou em "sistemas científicos", em cargos públicos que degeneram em favores aos políticos da praça, ou em laboratórios dos amigalhaços que ajudaram em qualquer coisa num dia qualquer. A Ciência muda a vida das pessoas todos os dias. Agradecemos ao Aristóteles, ao Platão, ao Arquimedes, ao Copérnico, ao Rosseau, ao Darwin, ao Kant, ao Edison, ao Newton, ao Comte, ao Durkeim, ao Freud, ao Einstein, à Madame Curie, à Hanna Arendt, à Margaret Mead, entre muitos outros, terem pensado, discutido, publicado e criado pérolas que nos pudessem orientar no futuro. Provavelmente a maioria das pessoas contemporâneas da Madame Curie não teria compreendido porque é que o seu trabalho era importante, hoje parece que já sabemos. A História da Ciência não se fez só de grandes nomes, fez-se de tantas e tantas tentativas de muitas pessoas que desapareceram nos anais da História, mas acabaram por contribuir para mudar os nossos dias... Por isso esta visão curta do suposto "despesismo" na Ciência chateia-me todos os dias também... 
Assim e perante umas decisões alarves dos últimos dias, vamos supor que uns Cratinos de um ministério resolvem que afinal não temos dinheiro para mudar a vida das pessoas todos os dias (bem, na verdade há muito que trataram de supor e agir em conformidade...), o que nos resta então? Um dia os Cratinos têm o azar de apanhar uma doença como a malária, porque resolvem sair do cantinho do gabinete e ir conhecer o mundo lá fora, terão de lamentar profundamente os tostões que pouparam com a falta de financiamento a uma equipa de cérebros à procura da vacina. Who Cares? 
Bem mas a saúde é imediata, por isso vamos supor outras coisas menos imediatas. 
Vamos supor que há um sismo em Lisboa, do qual não nos livraremos um dia, e que metade da cidade fica em ruínas. Um dia, talvez mesmo no segundo seguinte ao primeiro abanão, os telefones de uma quantidade infindável de cientistas e investigadores vão tocar - lá longe, quando o roaming permitir - só que os meios para a prevenção não existiram e por isso teremos castelos de areia a ruir e depois os meios para a reconstrução também não existirão. Who Cares? 
Vamos supor que um dia os Cratinos resolvem boicotar o financiamento a uma nova geração de cientistas sociais, alguns dos quais a estudar os efeitos desta disparatada forma de financiarmos ricos no mundo (ei, mas espera, acho que já fizeram isso, protegendo os economistas ultra-liberais que lhes podem servir para alguma coisa...), um dia esta gente vai perceber que se os ricos continuarem a enriquecer a este ritmo isto vai acabar mal e seria melhor que tivessem prestado mais atenção às aulas de História, e que não tivessem acabado com uma classe de psicólogos que lhes pode vir a fazer jeito. Who Cares? 
Vamos supor que um dia os Cratinos resolvem acabar com os empregos precários em Ciência (não se iludam, são Cratinos mas não deixámos de crescer muito com base num sistema de emprego precário de gente muito muito qualificada - que tem as suas vantagens para os melhores dos melhores, porque se põem a andar daqui num abrir e fechar de olhos e nós - país - é que perdemos, e desvantagens para todos os outros porque têm a vida suspensa anos a fio) e deixar sem trabalho um enorme número de investigadores, cientistas, bolseiros, técnicos and so on..., parece que isso acabou de acontecer. Um dia, talvez amanhã, depois ou depois, quando os Cratinos já cá não estiverem escreveremos a História da Ciência com uma faixa negra em três ou quatro anos deste Governo, porque ajudaram a destruir um sistema precário, frágil e sensível, feito por pessoas que dão o que têm e mais ainda, para que a nossa vida melhore todos os dias, em detrimento de ordenados confortáveis e vidas mais organizadas, famílias com filhos, carros grandes e casas boas, a fazer outra coisa qualquer muito bem paga. Who Cares? 
Um dia, talvez um dia, os Cratinos  voltarão a ser pessoas banais e perceberão o que ajudaram a destruir em tão pouco tempo, e nesse dia e em todos os que se seguirem, MERECEM TER AS ORELHAS DE BURRO que já lá estão mas eles não vêem! Who Cares?

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Apesar das distâncias o mundo avança!

A distância é um espaço enorme entre as pessoas. 
Quanto mais aumenta a distância mais pequena nos parece a pessoa de quem nos afastamos. 
Com o tempo aprendi a gerir as distâncias, mas nunca aprendi a aceitá-las. 
Nunca me distancio de livre vontade, mas deixo de fazer esforços quando a distância é de tal forma evidente que se torna o único assunto de conversa.
As relações que mantenho com as pessoas das diferentes latitudes superam todas as distâncias e fazem com que cada encontro nos pareça quotidiano. 
O melhor que guardo de todas as pessoas de quem tenho sempre saudades é o riso fácil com as coisas que sempre partilhámos e isso é traz-me renovada alegria. 
Por isso, e apesar das distâncias, o mundo avança!