quinta-feira, 29 de junho de 2006

Vizinhos, quem os não tem?

Conhecem a expressão:
A família não se escolhe? Eu acho que os vizinhos também não, normalmente vêm no pacote da casa (mesmo que se trate de uma vivenda) e só começam a ser incómodos, mal educados, barulhentos e irritantes quando já nos instalámos, quando achamos que aquela casa é para ficar, etc., etc., etc..
Depois entram em cena as reuniões de condomínio, que no início têm um certo polimento (a maioria das pessoas leva um certo tempo a revelar-se), e depois começam a descambar. A vizinha, que nos parecia simpática começa a não falar conosco, o vizinho que não deixava a porta bater começa a atirá-la, o cão que não nos incomodava começa a ladrar às 4 da manhã, e assim se torna interessante viver num apartamento.
O melhor desta fase da vida é começar a olhar para os defeitos destas pessoas quando os problemas começam a surgir, e resolver com ironia aquilo que outros resolvem com gritaria. A vizinha simpática, afinal, tem uma placa nos dentes que mexe sempre que ela grita (deve ter a ver com a forma como ela abre a boca para o fazer), e começamos a ter que conter o riso sempre que ela se expressa numa reunião de condomínio. O vizinho que atira com a porta tem um problema de entupimento de canos, e começa a ter a água da sanita a saltar para a casa de banho. O cão que ladra a horas tardias passa a roer o tapete da vizinha que grita e tem placa, e também a deixar pulgas no tapete do vizinho que bate com a porta.
E nós, como estamos nisto tudo? Entramos fora de horas, saímos primeiro que todos e ignoramos os pequenos dramas domésticos de cada um.
No entanto, preparamo-nos para que, num certo dia, uma bomba nos rebente em casa (só porque afinal não temos nada para apontar à vizinhança). Quando a bomba estiver prestes a rebentar, passamos a batata quente ao vizinho do lado.
E assim se gere um condomínio de gente supostamente educada.

quarta-feira, 28 de junho de 2006

Cá estamos...

Hoje não estamos com vontade de comentar coisas interessantes que se passam no país.
Hoje temos mesmo é vontade de reclamar com um senhor presidente de um tal banco central europeu, que resolve o problema da falta de criatividade da economia europeia com um pontapé na solidariedade que funda uma certa união de um tal continente, onde parece que residimos todos.
Infelizmente este senhor não é holandês, poderiamos resolver isto com uma cabeçada e ele ainda sofria um cartão amarelo...
Por isso, como bons portugueses, resta-nos dizer: CÁ ESTAMOS... ESPERAMOS POR DIAS MELHORES (dias em que os 25% de população activa que de facto produz neste país consiga ter dias produtivos mais alargados e passe a não usufruir de reformas).

quinta-feira, 1 de junho de 2006

O país do Velho do Restelo...

Estamos velhos, assim dizem os jornais. Mas não estivemos sempre?
Amigos parece ser um assunto sério, de facto estamos todos velhos (mesmo os adolescentes que ainda não sabem o que é esquecerem-se de coisas mesmo importantes). A velhice anda por aí a atacar e ao que parece não poupa ninguém...
Mas como é que é possível não estar velho num país que desperdiça juventude? Nós criámos uma figura literária chamada Velho do Restelo, enquanto pela Europa fora se escrevia sobre heróis jovens e cheios de energia para dar ao mundo. O índice demográfico com uma pirâmide invertida não explica as questões de fundo, o Camões já o sabia muito bem, foi por isso que avançou com tal figura... NÓS SOMOS MESMO VELHOS! Mesmo antes do tempo, a idade mental deste país situa-se entre a pré-reforma e o pré-internamento num lar de idosos (depois disso já não se consegue avaliar a idade porque as pessoas parece que voltam a ser tratadas como crianças).
Intrigou-me sempre a possibilidade que os jovens têm de educar filhos neste país, pensando bem, como será que os jovens têm filhos neste país? Sejamos honestos, é preciso ser-se um pouco louco para pensar no futuro dos nossos potenciais filhos, quando não conseguimos imaginar o nosso.
Acho interessante que nos digam que agora é a nossa vez de lutar, mas por quem e para quê? Alguma vez se preocuparam com o meu futuro? O cheque em branco para o sucessivos governos incompetentes incluia um agravamento especial para as gerações de jovens eleitores? É que não sabiamos que o país estava disposto a ignorar os problemas de jovens trabalhadores por tanto tempo. Se imaginassemos que ia ser assim teriamos passado esta interessante fase da vida e escolhiamos a pré-reforma (agora está na moda para toda uma geração de jovens idosos), antes de sabermos como era não conseguirmos arranjar um emprego decente.
Será que a integração dos jovens na sociedade activa implica que não se construam tantas auto-estradas, ou podiamos ter dispensado estádios de futebol? Se calhar não precisamos de tantos gestores de topo, já que aparentemente eles gerem muitissimo bem a sua conta bancária, e com resultados menos satisfatórios os destinos deste país. Parece que estes cargos controlam mais os nossos destinos que muitos ministros e secretários de estado, mas melhor que tudo, parece que estas pessoas é que impedem uma geração nova de entrar a valer para a força produtiva deste país. Afinal parece que o despotismo não acabou, mas agora está, acima de tudo, numa certa classe mediana de gestores, que não tendo poderes e nem responsabilidades para governar, consegue travar as boas intenções de qualquer político que se preze.
Sem querer cobrar nada a ninguém, porque em matéria de educação os meus pais fizeram um excelente trabalho, acho que aquele contributo que os jovens estariam dispostos a dar ao país, este está pouco interessado em receber, trata-se de massa crítica.
Para reclamações sobre o envelhecimento da população portuguesa chegam-nos os velhos dos marretas!... Sejam um pouco mais criativos e pragmáticos, e por favor despeçam os "velhotes" amigos dos amigos dos amigos dos vizinhos que ocupam cargos que não deviam e para os quais não estão preparados!
Já agora que estamos com esta pedinchice, será que não se arranja um herói jovem, forte e cheio de coragem que nos faça sonhar um bocadinho? Estamos mesmo a precisar...

Queremos uma pausa na loucura do mundo!
Acham que podem fazer um time break?
Podia ser uma coisa tipo pausa para a publicidade,
talvez por uns duzentos aninhos, não?
Nós prometemos que não saímos no intervalo...