quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Se este país fosse...

Se este país fosse um pássaro seria um papagaio irritante, que em vez de "O Louro quer bolacha!" diria "É a Vida!";
Se este país fosse um peixe seria um limpa fundos, que lá vai aproveitando os restos dos outros;
Se este país fosse um cão seria um Basset Hound, com um olhar que mete dó;
Se este país fosse um animal selvagem seria uma hiena com um risinho estampado no focinho;
Se este país fosse uma árvore seria uma acácia a sugar água do solo;
Se este país fosse uma planta seria uma língua da sogra, daquelas bem compridas;
Se este país fosse uma história infantil seria a dos três porquinhos;
Se este país fosse um transporte público seria um táxi de aeroporto;

Se este país fosse um desporto seria o remo;
Se este país fosse um chá seria de bolbo para as dores de barriga;
Se este país fosse um bolo seria o de iogurte com um temperozinho de canela e limão;
Se este país fosse uma cor seria o azul bebé;
Se este país fosse um palavrão seria merda e nada mais;
Se este país fosse um filme seria o Tudo Bons Rapazes;
Se este país fosse um livro seria de etiqueta e boas maneiras com prefácio de um génio estrangeiro;
Se este país fosse uma profissão seria de topo, mas com três assistentes;
Se este país fosse uma doença seria a varicela;
Se este país fosse um carro seria um de classe a, mas popular;
Se este país fosse uma bebida seria vinho com seven up;
Se este país fosse uma estrada seria a EN125 no Algarve nos meses de verão, ou o IC19 em qualquer altura do ano e a qualquer hora do dia;
Se este país fosse um jogo seria um jogo de damas, nem demasiado estratégico como o xadrez, nem demasiado incerto como o poker;
Se este país fosse mais um utensílio de cozinha seria o rapa-tachos, mais ou menos útil;
Se este país fosse uma estátua seria o pensador de Miguel Ângelo, mas numa versão vestida;
Se este país fosse um vício seria o do café, não tão prejudicial como outros;

Se este país fosse mais a sério e tivesse prazo para acabar, então eramos todos muito mais aplicadinhos e menos alarmistas, inseguros e mais donos do nosso destino!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Aborto II

Depois de alguns dias passados resta-me voltar a esta banca com a continuação do tema do momento.
Conheço várias mulheres que em circunstâncias anormais tiveram que abortar e não conseguem ainda ultrapassar essa situação, também porque na altura em que o fizeram foram completamente condenadas por tal acto pela família e pela sociedade.
Votei SIM, não porque considere que temos o direito de roubar a vida a uma criança que ainda não nasceu, nem porque os feminismos ditam que na barriga da mulher manda a mulher, nem porque ache que o aborto é a solução para o futuro planeamento familiar neste país. MAS acho que uma qualquer morte ou agressão física de uma mulher, que abortou no vão de escada de um sítio qualquer, é muito grave e é suficiente para a lei prever que em nenhuma circunstância se terá que passar por isto. O facto de uma mulher ter que abortar é penoso o suficiente, um aconselhamento psicológico teria permitido que muitas mulheres conseguissem ultrapassar uma dor que não escolheram sofrer, mas as circunstâncias assim o ditaram.
O referendo sobre o aborto é mais que um direito a uma vida digna, é um direito assistido a um casal que reconhece as suas limitações e que não quer proporcionar a uma criança um futuro miserável. Realmente é discutível a forma como cada pessoa concebe o que é uma vida, eu diria que é uma questão filosófica para cada pessoa reflectir individualmente, com efeitos muito pragmáticos sobre o dia a dia. Para mim está no mesmo plano que o de reconhecer que nenhuma religião ou seita, partido ou regime político, etc, etc, etc, pode atentar contra a vida de uma pessoa nos seus direitos mais básicos ou elementares.
Como referem os direitos fundamentais universalmente reconhecidos, mas não cumpridos integralmente, a vida é preciosa, mas para que isso realmente aconteça é preciso dignidade e batalhar para que seja um tesouro mantido por todos e para todos neste mundo.
Esta questão não é partidária, nem sequer é política, é cívica, e não escondo o meu agrado pela iniciativa de se alterar a lei, o problema deste próximo passo é mesmo a vantagem que alguns políticos tiram disto.
No que depender de mim, continuarei a ter uma atitude crítica com os políticos de todas as alas deste país e a achar que os discursos me convencem muito pouco, já as acções, como a minha avó diz e bem, ficam para quem as pratica. Esperamos para ver no quem as vai praticar civicamente.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Aborto I

Ainda não deixei a minha mensagem sobre este assunto, mas ainda vou a tempo (porque eu acredito que as pessoas podem fazer a diferença).
Estou mesmo zangada com os portugueses todos que não votaram, nos quais incluo os meus parentes mais próximos, que, por nenhuma razão em específico, optaram por não se dar ao trabalho.
Sempre que há discussões sobre políticas de esquerda ou direita, eu pergunto se as opiniões de cada um são mais do que isso, se realmente significam algo que é expresso nas urnas pelo direito ao voto. Infelizmente não correspondem a uma atitude consciente de quem se exprime quando é chamado a exercer o seu poder. Acontece que, não sendo uma eleição política, a responsabilidade é ainda maior. Este é um assunto de organização social, de direitos fundamentais, de vida em sociedade (qualquer que seja a opinião sobre o referendo) e deve ser entendido por todos como uma responsabilidade comum. As leis não se fazem porque os políticos querem (só algumas), num Estado Democrático fazem-se para que a vida em sociedade seja regrada e entendida por todos como um bem comum a ser mantido. Por isso, meus amigos, a nossa opinião pode realmente fazer a diferença.
Cada pessoa que não votou quererá com isso dizer que prefere viver num país do terceiro mundo, onde a cidadania é uma miragem e onde quem tem dinheiro manda. Se alguma vez estiveram num país do terceiro mundo vão saber e perceber a diferença entre o direito, o dever e a consciência do voto cívico e a impossibilidade de o exercer. Portanto, da próxima vez que estiverem a argumentar comigo que este país é um blá blá blá de coisas más, pensem que não fizeram nada para alterar isso, e que a culpa também é vossa.
Eu sou muito mais optimista do que pareço e acredito que o meu avô não foi mandado de castigo para o quinto dos infernos (porque tinha uma opinião política sólida) por um mero acaso do destino, foi porque, como me ensinou e bem, quem tem o direito de opinar tem muito mais liberdade do que quem manda de facto.
Um abraço felino,
Zorbas

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

A todos os amigos dedico:

Norte (o meu)

Volto as costas ao vazio

procuro o vento frio
o caruncho pode desfrutar
do meu velho sofá
deixo as manchas de café
o candeeiro de pé
vou em busca do meu Norte

Levo imagens que sonhei
tesouros que roubei
a famosa gabardine azul
tem mais alguns rasgões
levo as horas que perdi
o espelho a quem menti
sigo em direcção ao Norte

Quantos pontos cardeais
ficarão no cais da solidão?
Quantos barcos irão naufragar,
quantos irão encalhar na pequenez
da tripulação?

Deixo os dias sempre iguais

os mundos virtuais
deixo a civilização que herdei
colher o que plantou
abandono o carrossel
a Torre de Babel
deitei fora o passaporte

Confio às constelações

as minhas convicções
quebro o gelo que se atravessar
no rumo que eu escolhi
o astrolábio que há em mim
vai respirar enfim
hei-de alcançar o meu Norte

Jorge Palma
Álbum Norte, 2004

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Andrea

Flores para os teus vinte e nove anos.
Agora que és crescidinha (e bebes vinho), brindo ao teu aniversário com o melhor vinho da garrafeira (porque os amigos também se cultivam assim)....
A propósito, temos que lembrar uma certa bruxinha da discussão do sal e do PH, parece que está um bocado esquecida...
Espero ver-te em breve, aqui ou aí:-)
Beijos felinos
Zorbas

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Ao Amor da minha vida

Passaram 13 anos desde o primeiro beijo e é MARAVILHOSO:)
Continuas a surpreender-me todos os dias.
Amo-te
L.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Um grande bem haja para a Antiga SAPA

Sabem como são aqueles sítios onde apetece mesmo estar? A antiga SAPA, fábrica de queijadas de Sintra era assim. Entrava-se numa portinha pequena para uma sala de chá com lareira (sempre acesa no inverno), e lá dentro era tudo apetecível.
O lanche na Sapa era um doce para a alma, não só pela comida (maravilhosa), mas pela maneira de estar daqueles que nos atendiam. Não foram poucas as vezes que chegámos em cima da hora do fecho e nos serviram com a mesma vontade de sempre, com um sorriso e muita simpatia. Não havia hora para ir à Sapa comer uma guloseima, porque em geral, tudo era deliciosamente bom.
Infelizmente os donos da Sapa mudaram, e a casa de chá de sempre perdeu o encanto.
Os antigos donos da Sapa estão em São Pedro, junto ao largo da feira, e continuam a fabricar as iguarias de sempre, no entanto, perdeu-se o sítio onde tantas vezes parei depois de caminhar pela serra de sintra, depois de passear pela vila e até depois das voltas de bicicleta. Por isso, nas minhas decisões de novo ano, que quero partilhar com os amigos, gostaria de cultivar os lanches em São Pedro, porque a simpatia das pessoas permanece, e a mão para a doçaria também.
Os que precisam de açucar no estômago e na alma, venham também...
Beijos felinos